Pavilhão de Portugal em “situação dramática” preocupa Ordem dos Arquitectos

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Situação do Pavilhão de Portugal continua indefinida Jonatas Luzia

A “situação dramática” do Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, em Lisboa, desenhado por Siza Vieira para a Expo98, está a preocupar a Ordem dos Arquitectos (OA), que pretende questionar a tutela sobre o futuro do edifício.

Em declarações à agência Lusa sobre a situação actual do Pavilhão de Portugal, um dos edifícios mais emblemáticos da Expo 98, e para o qual a OA chegou a ter um projecto, o presidente da direcção da Ordem, João Belo Rodeia, mostrou-se muito preocupado “porque está visivelmente a degradar-se”.

Concluído para a Expo 98, o edifício, que acolheu a representação nacional portuguesa naquele evento, custou 23,5 milhões de euros e em 2010 foi classificado como Monumento de Interesse Público (MIP) pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR).

“Era um edifício central da Expo98 e deve ser equacionado um projecto para usufruto dos cidadãos”, defendeu o presidente da direcção da OA, acrescentando que a entidade continua disponível para participar numa reflexão sobre o futuro do pavilhão.

A estrutura - cuja ideia se baseia numa folha pousada em dois tijolos - é composta por uma enorme pala de betão que cobre uma ampla praça onde decorreram cerimónias protocolares e vários eventos culturais durante a Expo98.

O pavilhão é constituído por dois corpos: a Praça Cerimonial, um espaço aberto, e o Pavilhão de Portugal propriamente dito, com cave e dois pisos, que se desenvolve em torno de um pátio interior.

Finda a exposição internacional vieram a público várias propostas para o seu uso, desde o aproveitamento para sede do Conselho de Ministros, centro de exposições e Museu dos Descobrimentos e da Língua Portuguesa.

A OA também chegou a apresentar uma proposta à Câmara Municipal de Lisboa (CML), quando a autarquia era liderada por Carmona Rodrigues, para criar um centro de estudos ligado à arquitectura e à cidade, mas nunca chegou a concretizar-se.

“Na altura a própria câmara teve interesse em ficar com o edifício, mas isso não chegou a acontecer. A Ordem dos Arquitectos não estava interessada em gerir o espaço, mas antes levar a cabo esse projecto no quadro do funcionamento de outras valências”, explicou Belo Rodeia.

Aquele projecto da OA acabaria por concretizar-se através do lançamento da Trienal de Arquitectura de Lisboa, que entretanto ganhou autonomia e espaço próprio na cidade.

Ao longo dos anos, o Pavilhão de Portugal “acabou por ficar desocupado e visivelmente a degradar-se”.

“É dramático porque, depois de todo aquele investimento público, e com o valor e o prestígio que tem, funciona como uma escultura. Não é vivido”, lamentou João Belo Rodeia.

A direcção da OA vai enviar uma carta ao Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT), no seguimento da recente decisão do Governo em extinguir a Parque Expo, para defender “um uso com dignidade” para aquele edifício.

Contactado pela Lusa, o gabinete de imprensa do MAMAOT respondeu que durante o dia de hoje dará esclarecimentos sobre a situação do Pavilhão de Portugal.

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