PEV nota coincidência da demissão de quem “andava em conflito com o sector”

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Henrique Gomes queria rever os subsídios pagos à indústria eléctrica Nuno Ferreira Santos

O Partido ecologista “Os Verdes” salientou nesta terça-feira a “coincidência” de sair o membro do Governo que “andava em conflito com o sector que tutela”, referindo-se a Henrique Gomes.

Henrique Gomes demitiu-se ontem da Secretaria de Estado da Energia, alegando questões pessoais e familiares, e será substituído por Artur Trindade, director do serviço de custos e proveitos da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

O Partido ecologista “Os Verdes” considera que as razões alegadas por Henrique Gomes são “sempre respeitáveis” mas não pode deixar de notar “a coincidência de sair o membro do Governo que andava em conflito com o sector que tutela”, escreve em comunicado divulgado hoje. Os ecologistas referem-se ao facto de o até agora secretário de Estado da Energia “ter assumido aquilo que é mais que evidente: as elevadas ‘rendas’ pagas ao sector energético e a forma como este sector tem saído beneficiado de uma forma profundamente escandalosa”.

Na verdade, Henrique Gomes encontrava-se há vários meses sob fogo cerrado, com a promessa de revisão dos subsídios pagos à indústria eléctrica, nomeadamente às empresas de energia eólica e à cogeração e com a EDP no alvo. A mudança no modelo de ajudas ao sector eléctrico consta das medidas que a troika inscreveu no memorando de entendimento.

“Os Verdes” acreditam que, “esta demissão, muito provavelmente, não se pode desligar de um conjunto de nomeações já feitas, designadamente para a EDP, e de uma estratégia do sector electroprodutor para ganhar ainda mais espaço estratégico no país, sem obstáculos pela frente”.

Agora, o partido diz-se preocupado com o peso das grandes empresas do sector energético no próprio Estado, “ainda por cima quando o Governo, com a privatização da EDP e de outras empresas, se demite do controlo desta área estratégica para o país”.

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