Microchip subcutâneo dá medicação para a osteoporose por controlo remoto

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Um estudo da SPR refere que 70% dos inquiridos apresentava sintomas de doenças reumáticas PÚBLICO (arquivo)

Um microchip que se pode colocar por baixo da pele e com wireless, foi capaz de administrar diariamente um tratamento contra a osteoporose num pequeno grupo de mulheres dinamarquesas. O dispositivo foi controlado remotamente e tem o potencial de substituir as injecções regulares utilizadas neste tipo de tratamento.

O microchip, que está agora a ser desenvolvido por uma empresa privada chamada Microchips Inc, sediada em Massachusetts, tem um receptor wireless que sinaliza o microchip para libertar a droga no organismo.

“Até agora, não havia forma de se fazer isto”, disse Robert Langer, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que ajudou a desenvolver a tecnologia e faz parte do conselho da empresa.

Segundo Langer, o dispositivo poderá ser utilizado em diferentes tipos de tratamentos onde se utilizam drogas injectáveis, em que há dificuldades em conseguir com que as pessoas tomem a medicação regularmente.

Esta questão é comum em pacientes com osteoporose severa, que tendem a não tomar as injecções por não perceberem se o tratamento está a melhorar ou não a densidade dos ossos.

O microchip foi desenhado para ultrapassar este problema, disse Robert Farra, que pertence à empresa e pagou pelo estudo. Farra, Langer e o resto da equipa publicaram o estudo na revista Science Translational Medicine.

Em vez de libertar constantemente pequenas quantidades de droga, como a maior parte dos dispositivos que se colocam por baixo da pele fazem – como por exemplo no caso das pílulas femininas –, este microchip liberta a medicação toda de uma vez quando é comandada para tal, como se fosse uma injecção.

O aparelho pode ser activado por telefone ou por computador, utilizando uma frequência de rádio que só é usada para uso médico, o que salvaguarda um comando acidental que faça com que o microchip liberte a droga, explicou Langer.

O dispositivo tem a forma de um rectângulo e o tamanho de uma pequena moeda, e tem pequenos poços com uma dose da medicação concentrada. Estas doses estão cobertas com uma camada de nano partículas de ouro, que se dissolvem quando são expostas a uma certa radiofrequência. O dispositivo é colocado debaixo da pele e tem um receptor com um tamanho semelhante a um pacemaker.

No primeiro teste feito a pessoas, a equipa implantou o aparelho em oito mulheres dinamarquesas com idades entre os 65 e os 70 anos e com osteoporose severa, que necessitam de injecções de uma hormona para combater a doença.

Os investigadores enviaram sinais diários para o microchip libertar a dose de droga durante 20 dias. Depois, seguiu-se um tratamento de injecções da hormona.

Como acontece nos animais, no corpo das doentes uma membrana feita à base de colagénio desenvolveu-se à volta do dispositivo, mas não impediu a droga de fazer efeito tal como as injecções. O tratamento melhorou a formação de osso e reduziu os riscos de fracturas, disseram os investigadores, menos numa das pacientes, em que não funcionou.

“Ainda são precisos vários anos para conseguir que a tecnologia seja aprovada pela Food and Drug Administration [entidade nos EUA que valida os medicamentos para o mercado] e para que se consiga concretizar a promessa de tratamento demonstrada neste estudo”, disse John Watson, um professor de bioengenharia da Universidade da Califórnia, em San Diego, que num editorial da revista escreveu sobre o estudo.

O dispositivo ainda só dá 20 doses, mas Langer disse que o grupo está a trabalhar para adicionar mais doses ao microchip. A companhia espera ter uma versão do dispositivo no mercado dentro de cinco anos. Langer disse que vê um potencial de utilização deste sistema para tratar doenças como a diabetes ou para os tratamentos contra o cancro.

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