Vaga de frio polar fez 360 mortos na Europa

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Pessoas à espera do autocarro em Bucareste Radu Sigheti/Reuters

A camada de ar polar que se espalhou pela Europa há quase duas semanas já fez 360 mortos. Na Ucrânia, o país mais afectado, 135 pessoas perderam a vida e a Bósnia e Itália estão a passar pelos maiores nevões das últimas décadas.

Segundo o Ministério das Situações de Emergência na Ucrânia, 85.000 pessoas procuraram as 3300 tendas aquecidas que estão distribuídas pelo país, para dar abrigo, apoio e alimentos. As temperaturas baixaram até aos 30ºC negativos durante a noite.

A vaga de frio polar, causada por um anti-ciclone situado originalmente por cima do mar Báltico e que se espalhou pela Europa, causou a morte a 62 pessoas na Polónia, 23 na Lituânia e na República Checa, 10 na Letónia e na Sérvia, três na Croácia e na Bósnia e a uma pessoa na Estónia e a outra na Eslováquia.

Na Bósnia, as autoridades utilizaram helicópteros para transportar doentes e levar alimentos às 100 localidades isoladas pelo maior nevão de que há registo no país. Em algumas zonas, a neve atingiu uma altura de dois metros.

A vizinha Sérvia decretou no domingo à noite “situação de emergência” por causa da neve e do frio. Cerca de 70.000 sérvios vivem hoje em localidades isoladas e 5000 quilómetros de estradas estão intransitáveis.

Na Bulgária, oito pessoas morreram ontem vítimas das inundações causadas pela neve que se está a derreter no Sul do país, perto da fronteira com a Turquia. Está interrompido o trânsito entre os dois países no principal posto de fronteira, de Kapitan-Andreevo. Para os próximos dias, a Bulgária deve esperar tempestades de neve e uma descida das temperaturas até aos 17ºC negativos. Desde o final de Janeiro, o frio já matou dez pessoas neste país.

Na Hungria, doze pessoas morreram nos últimos três dias por causa da vaga de ar polar, segundo as autoridades em Budapeste. Na Roménia, onde morreram 36 pessoas, o Ministério da Educação anunciou que as escolas estarão encerradas hoje e amanhã em 11 regiões do país e em Bucareste.

Frio também mais a Sul

A camada de ar polar deslocou-se mais para Sul. Em Itália já morreram 21 pessoas. As temperaturas continuam muito baixas no Norte, com 10ºC negativos em Milão, e a neve estende-se ao Sul, a Nápoles. A electricidade está a faltar em várias cidades na região de Roma, que declarou estado de catástrofe natural e onde o alerta meteorológico se vai manter até sexta-feira. A capital italiana vive o seu maior nevão dos últimos 27 anos.

França, onde já morreram quatro pessoas, está sob a ameaça de um grave corte de electricidade. Em algumas regiões, como Mulhouse e Reims, os termómetros chegaram aos 20ºC negativos.

A Suíça registou, na noite de domingo, um novo recorde de frio para este ano, com 35,1ºC negativos em Samedan, no cantão de Grisons. O frio polar na Suíça está a perturbar a circulação de comboios.

No Reino Unido, o trânsito já está a regressar à normalidade no aeroporto em Heathrow. No domingo, a acumulação de neve tinha levado à anulação de centenas de voos.

O tempo frio obrigou ao aumento da procura de gás natural e, segundo a porta-voz da Comissão Europeia para a Energia, Marlene Holzner, as importações subiram na Roménia, Alemanha e Itália. No sábado, a russa Gazprom anunciou a normalização do fornecimento de gás à Europa, depois de ter baixado a exportação “durante alguns dias”, por causa do aumento da procura interna.

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