São João da Madeira quer Linha do Vouga com Andante e ligada à Linha do Norte

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Autarca admite que a Linha do Vouga "serve poucas pessoas e serve mal" Nelson Garrido

O encerramento da Linha do Vouga está previsto no Plano Estratégico dos Transportes (PET), apresentado pelo Governo no ano passado, mas o fecho da ferrovia com 103 anos de actividade ainda não se concretizou. Os autarcas dos municípios de Entre Douro e Vouga e da Junta Metropolitana do Porto consideram que o caminho-de-ferro que liga Espinho a Aveiro tem viabilidade e defendem a sua requalificação em vários aspectos. As ideias, que merecem a aprovação da Associação de Municípios de Terras de Santa Maria, foram comunicadas ao Governo e constam no relatório encomendado para a reformulação do sistema de transportes das áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa.

O presidente da Câmara de São João da Madeira, Castro Almeida, reconhece que a actual configuração da Linha do Vouga não não dá resposta às necessidades das populações. "Serve poucas pessoas e serve mal", admite. Por isso, considera necessário proceder a alterações no traçado da linha por onde circula o Vouguinha desde Novembro de 1908. "Precisamos de garantir uma ligação directa da Linha do Vouga à Linha do Norte, por forma a que alguém que entre em Oliveira de Azeméis, São João da Madeira e Santa Maria da Feira possa ir até ao Porto sem mudar de comboio", adianta. Esse entroncamento, explica o autarca, "obriga a electrificar a Linha do Vouga, a alterar a bitola e a fazer algumas correcções de traçado". As alterações propostas pretendem tornar a Linha do Vouga compatível com a do Norte, aumentar a velocidade do Vouguinha de 30 para 80 quilómetros por hora e dotá-la de um traçado que sirva os grandes aglomerados populacionais, sobretudo algumas zonas da Feira.

As contas estão feitas. A requalificação da Linha do Vouga, nesses moldes, requer um investimento de 35 milhões de euros. Castro Almeida garante que o Governo não precisará de investir um cêntimo, se esse encargo fizer parte da concessão que será feita à CP-Porto - e que, dessa forma, poderia acrescentar mais um ramal aos três que já possui. "Desta forma, não era preciso pedir um cheque ao Governo." O autarca insiste que a remodelação da Linha do Vouga é um pedido realista, que tem em conta as dificuldades financeiras do país: "Não estamos a pedir a lua, o valor é pouco mais de um quilómetro de custo do metro do Porto."

O grupo parlamentar do PSD apresentou na Assembleia da República um projecto de resolução (ver caixa), tal como já fizeram o PCP e o BE, pedindo ao Governo para estudar uma alternativa ao fecho da Linha do Vouga. "A viabilização da modernização desta linha com efectivo potencial poderá transformar este meio de transporte numa referência e exemplo de sustentabilidade, se se souber dar responsavelmente o passo certo, em associação com os parceiros adequados e com benefício das populações locais e das contas públicas", refere-se no documento. O PSD quer, assim, que o Governo avance com um projecto, juntamente com as câmaras municipais e outros parceiros, para a reabilitação da ferrovia do Vouga.

"Título de cidadania"

Além da requalificação da Linha do Vale do Vouga, Castro Almeida propõe que o Andante, já utilizado no metro do Porto, nalguns comboios e nos autocarros da STCP e de alguns operadores privados, seja adoptado como título de transporte em toda a Área Metropolitana do Porto, podendo ser utilizado também na Linha do Vouga. O autarca considera que o Andante será um "bilhete de identidade metropolitana", um "título de cidadania metropolitana".

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