Negociações sobre o perdão da dívida grega estão suspensas

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Lucas Papademos e Evangélos Vénizélos no final da reunião de hoje Foto: John Kolesidis/Reuters

O Instituto Financeiro Internacional, interlocutor dos credores privados da Grécia nas discussões para um perdão parcial da dívida helénica, anunciou que as negociações com o Governo de Atenas foram suspensas hoje.

A informação foi avançada pelo Instituto de Finança Internacional (IFF, na sigla em inglês) no final de uma reunião de uma hora e meia entre os representantes dos bancos e outras instituições financeiras privadas e o primeiro-ministro, Lucas Papademos, e o ministro das Finanças, Evangélos Vénizélos.

Num comunicado, os bancos dizem que as partes não chegaram a uma resposta conclusiva, razão que levou à suspensão das negociações para “permitir uma reflexão” até que as partes acordem voltar a reunir-se.

O Governo grego admite que isso possa acontecer já na próxima quarta-feira.

Para os bancos, a proposta que estava na base na base das discussões – um perdão voluntário de 50% dos títulos de dívida detidos pelos credores privados, equivalente a um abate de 100 mil milhões de euros nos empréstimos ao Estado grego – “não produziu uma resposta construtiva por todas as parte”.

Charles Dallara e Jean Lemierre, que representaram o IFF nas negociações que tinham começado ontem em Atenas, assinam uma curta onde referem duas vezes que a base de um acordo é aquela que ficou estabelecida, como princípio, na cimeira europeia de Outubro. Nessa altura, os líderes da zona euro estiveram em intensas negociações com os representantes do IFF sobre o perdão de 100 mil milhões de euros, m troca de garantias no valor de 30 mil milhões de euros.

Antes de o Governo de Atenas e o IFF terem começado as negociações em Janeiro, a agência Reuters avançou que o Governo alemão teria em mãos um projecto de perdão superior ao acordado em Bruxelas em Outubro. A notícia nunca foi desmentida – nem confirmada – pelo executivo de Angela Merkel, e desde aí o IFF tem pressionado para o acordo ser fechado rapidamente e de acordo com os termos pré-definidos. Em cima da mesa estaria um perdão que chegasse a 75%, mas a posição do IFF, declarada ainda antes disso, é de que há limites para aquilo que é considerado um perdão voluntário.

O FMI, um dos parceiros da troika que supervisiona em Atenas a execução do programa de ajustamento, já reagiu à interrupção das negociações, mas apenas para afirmar que espera um solução que “assegure a sustentabilidade da dívida” da Grécia.

Ainda ontem o IFF dava a entender que as discussões estavam longe de terminar e avisavam, por isso, que o tempo para terminar um acordo estava a esgotar-se. Hoje, reafirmaram o objectivo de concluir um pacto que seja do “melhor interesse tanto para a Grécia como para a zona euro”. Também o Banco Central Europeu procurou afastar-se do que estava a ser negociado entre os credores e o Governo grego. Isso mesmo foi sublinhado por Vítor Constâncio, vice-presidente da instituição, que frisou que a autoridade monetária não está implicada nas negociações.

Notícia actualizada às 18h28

: Acrescenta a reacção do FMI.

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