Consumo de electricidade caiu 3,2% em 2011

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Portugueses estão a consumir menos electricidade Miguel Madeira

O consumo de electricidade em Portugal caiu 3,2% em 2011, na maior descida dos últimos cinco anos. Segundo dados da REN (Redes Energéticas Nacionais), consumiram-se 50.511 gigawatts-hora (GWh) de electricidade, contra um pico de 52.198 GWh em 2010.

Para os ambientalistas, porém, não há razão para grandes celebrações. A associação Quercus nota que o consumo eléctrico caiu mais do que o PIB – ou seja, melhorou a eficiência energética da economia. “Esta redução é, no entanto, conseguida principalmente à custa do aumento do IVA na electricidade e também da tarifa, não sendo resultado de uma política de gestão da procura mais eficiente”, sustenta a Quercus, num comunicado.

O arrefecimento da economia terá tido também um efeito. Entre 2008 e 2009, quando também houve uma redução no consumo de electricidade (-1,4%), a indústria teve um peso central na queda. O consumo da indústria transformadora caiu 8,7% nessa altura, enquanto o residencial subiu 5,4%, segundo dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia. Entre 2007 e 2008, ambos tinham tido reduções semelhantes (3,0% e 2,9%). Ainda não há dados detalhados para 2011.

Rui Dinis, da consultora E-Value, lembra que há uma tendência na Europa para se adoptar cada vez mais a electricidade, em detrimento de outras formas de energia, ao mesmo tempo que se torna a produção eléctrica mais eficiente e menos poluidora. Se o número de equipamentos eléctricos, nas casas e indústrais, não estivesse a aumentar, “o consumo possivelmente teria caído mais”, arrisca Dinis.

A Quercus chama a atenção ainda para o aumento nas emissões de dióxido de carbono na produção eléctrica, fruto de uma produção menor das barragens (menos 27,3% em 2011) e maior nas centrais térmicas a carvão (mais 39%). Segundo a Quercus, isto representará um aumento de cerca de 2,5 milhões de toneladas de emissões – ou 3,3% das emissões totais de gases com efeito de estufa no país, estimadas em 75 milhões de toneladas em 2009, ano dos dados mais recentes.

A parcela das renováveis na produção eléctrica caiu de 53% em 2010 – o seu maior pico – para 47% em 2011, um nível ainda assim muito superior ao de anos anteriores (36% em 2009 e 28% em 2008).

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