“Bancos chineses podem ter interesse no BCP”, diz o presidente da Three Gorges Corporation

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“Eu não tenho interesse, mas os bancos chineses podem ter interesse no BCP”, afirma Cao Guangjing Foto: Rita Baleia/arquivo

O presidente da Three Gorges Corporation, a empresa que vai ficar com 21,35% do capital da EDP, diz que a empresa não tem intenção de ser accionista do BCP, mas admitiu que as instituições financeiras chinesas possam estar interessadas em entrar no capital do banco.

“Eu não tenho interesse, mas os bancos chineses podem ter interesse no BCP”, afirmou Cao Guangjing aos jornalistas, nesta quinta-feira, à entrada para uma reunião no Ministério da Economia.

Na sequência das negociações para a venda do capital do Estado na EDP, o presidente do BCP, Carlos Santos Ferreira, retomou contactos com instituições financeiras asiáticas para conseguir a entrada de um banco chinês no grupo. Esse foi, aliás, tal como O PÚBLICO já avançou, um dos temas que as autoridades portuguesas e chinesas abordaram informalmente a propósito da corrida à compra da eléctrica portuguesa.

A privatização, disse Cao Guangjing, pode “trazer o dinheiro e os bancos chineses” para a EDP, o que, defende, “é muito importante”. Para a empresa portuguesa há por isso um “novo futuro”, reforçou. As declarações de Cao Guangjing surgem depois de as autoridades chineses terem dito abertamente que estão disponíveis para investir em Portugal além das energias.

A entrada da Three Gorges no capital da EDP, que é formalizada amanhã com a assinatura de um contrato (altura em que pagam uma primeira tranche de 600 milhões de euros, do total de 2,69 mil milhões), foi também hoje abordada pelo vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-chinesa, que sublinhou a possibilidade de novos investimentos em Portugal.

Ilídio Serôdio disse à Lusa que a relação Portugal-China “é um namoro com 15 ou 20 anos e só agora está a acontecer alguma coisa, porque até agora não havia grandes negócios e estes [EDP e REN, onde também há uma empresa chinesa interessada] têm interesses estratégicos”, admitindo que “os bancos vêm a seguir”.

O investimento dos chineses dá a Portugal “uma coisa muito importante: investimento estrangeiro, que estava a fugir do país”, considerou. “Não vai resolver os problemas de fundo, mas mostra que alguém está interessado no nosso mercado, quando estávamos a perder todo o investimento directo estrangeiro”.

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