Itália admite recurso a medidas legais para contestar capitalização da banca

Foto
Só o Unicredit tem de angariar 7,9 mil milhões de euros Sukree Sukplang/ Reuters

A Associação Bancária Italiana (ABI) levará a cabo todas as medidas possíveis, incluindo legais, para contestar os últimos dados divulgados pela Autoridade Bancária Europeia que aumentam as necessidades de capitalização dos bancos de Itália.

O anúncio foi feito hoje pelo presidente da ABI, Giuseppe Mussari, durante um congresso em Roma. Mussari afirmou, segundo a Lusa, que cita a agência espanhola Efe, que com as novas normas “os bancos que sempre adquiriram títulos da dívida do Estado ficam em grave dificuldade”. Na quinta-feira, a Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês) anunciou o aumento de 14.770 para 15.366 milhões de euros das necessidades de capital da banca italiana para cumprir as novas exigências de capital.

Segundo os dados da EBA, as necessidades da banca italiana só são superadas pela Grécia e pela Espanha.

“A ABI recorrerá a todas as vias possíveis, incluindo a legal, para opor-se ao exercício” da EBA, afirmou Mussari. “Trata-se de um exercício errado, que não tem em conta as especificidades dos bancos italianos”, disse o presidente da ABI, segundo a Lusa, acrescentando que, com as novas regras (que obrigam os bancos a reconhecer o valor da dívida soberana que tenham a preços de mercado, tendo como data de análise o dia 30 de Setembro) “ficam em grave dificuldade os bancos que sempre adquiriram títulos da dívida do Estado”.

De acordo com a Reuters, na sexta-feira também o ministro da Indústria italiano, Corrado Passera, se pronunciou contra a decisão da EBA, sublinhando que esta foi “mal desenhada, mal gerida, com mau timing” e pouco racional, uma vez que “a actual crise envolve, acima de tudo, as obrigações soberanas e a dívida pública”.

Conforme explica a Agência Lusa, dos cinco bancos italianos que se submeteram com êxito às provas de solvência da EBA até agora, só o Intesa Sanpaolo, a segunda entidade financeira do país, não terá que fazer uma capitalização extraordinária para atingir os 9% de capital de máxima qualidade (core tier 1) que a União Europeia exige até Junho de 2012.

Os últimos dados da EBA reviram em alta as necessidades de dois bancos italianos: Unicredit (de 7370 para 7900 milhões de euros) e Monte dei Paschi di Siena (de 3000 para 3260 milhões de euros). Por outro lado, a EBA baixou as exigências de capitalização para o Banco Popolare (de 2810 para 2700 milhões de euros) e do Ubi Banca (de 1480 para 1390 milhões de euros).

De acordo com os dados da EBA, os bancos europeus precisam de 114,7 mil milhões de euros, mais 8 mil milhões de euros em relação à anterior estimativa da autoridade.

No caso dos bancos portugueses abrangidos, a EBA reviu em baixa o valor, estimando-o agora em 6,95 mil milhões de euros, menos 850 milhões do que o montante avançado no final de Outubro pela instituição. Dos 6,95 mil milhões, 3,23 mil milhões dizem respeito à exposição dos bancos (CGD, BCP, BES e BPI) à dívida soberana.

Sugerir correcção
Comentar