Fitch corta rating do BCP, CGD e BPI

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Fitch lembra que a CGD tem, no próximo ano, "vencimentos de dívida consideráveis" Pedro Cunha

Os bancos BCP, CGD e BPI viram hoje o seu rating revisto em baixa pela agência de notação financeira Fitch como consequência do corte da dívida da República portuguesa, podendo voltar a descer se esta for novamente cortada.

As notas de crédito do Banco Comercial Português (BCP), Caixa Geral de Depósitos (CGD) e Banco Português Investimento (BPI) caíram para BB+ (de BBB-), ficando já fora do grau de investimento.

Já as notas do Montepio Geral e do Banif mantiveram-se em BB e B, respectivamente. As notas destes bancos, ainda que não tenham mexido, estavam já em ‘lixo’, abaixo do rating da República. A perspectiva para os cinco bancos mantém-se ainda em terreno negativo.

Segundo a Fitch, esta descida do rating é “consequência directa do corte da dívida soberana de Portugal”, depois de a agência ter cortado na quinta-feira o rating de Portugal em um nível, de BBB- para BB+, passando a nota do país para um nível já considerado lixo (junk).

A Fitch acrescenta que um corte adicional na nota soberana de Portugal levará a novo corte no rating da CGD, BCP e BPI. Já a nota do Montepio e do Banif só será cortado se a de Portugal cair em mais de um nível, acrescenta. Isto acontece porque as notas destes bancos estavam já em ‘lixo’ e continuam abaixo do rating da República.

A agência explica, no comunicado hoje divulgado, que os cortem reflectem “a visão de que os bancos precisam de fortalecer a sua capitalização mas que a flexibilidade para fazer isso é provável que se torne cada vez mais limitada, principalmente devido ao ambiente de abrandamento económico e provável enfraquecimento dos lucros e qualidade de activos”, afirma a agência de notação financeira.

A Fitch diz ainda que o “ambiente de financiamento continua extremamente desafiante” o que pode “aumentar a pressão sobre o financiamento dos bancos e perfiz de liquidez” apesar da recente melhoria da captação de depósitos.

Detalhando especificamente o desempenho de cada banco, a Fitch considera que a CGD, apesar da forte rede de balcões e da quota de mercado dominante nos depósitos (com rácio de transformação de depósitos em crédito de 126% em Setembro) assistiu a uma deterioração do seu desempenho no terceiro trimestre e “é provável que continue”, antecipa a Fitch, que refere também que o banco público vai ser “confrontado com o desafio de atender a vencimentos de dívida consideráveis até 2013”.

Já o Millennium bcp enfrenta “vários desafios devido a uma posição relativamente fraca em termos de financiamento, liquidez e risco de crédito”, com um rácio crédito/depósitos de 154% em Setembro e elevada dependência do financiamento do Banco Central Europeu, tendo ainda vencimentos de dívida consideráveis até 2013 e um rácio de crédito em risco de 9,5%, segundo a agência de notação de risco de crédito.

O BCP deverá chegar ao final do ano com um rácio ‘core tier 1’ de 9%, cumprindo as exigências do Banco de Portugal, mas a Fitch alerta que “capital adicional será necessário para compensar o défice de capital decorrente da exposição à dívida soberana portuguesa”.

Já o BPI tem, segundo a agência de notação financeira, “níveis de capital com maior pressão do que alguns dos seus pares”, o que atribui às “insuficiências de capital comparativamente mais altas decorrentes da elevada exposição à dívida soberana”.

No entanto, acrescenta a Fitch, o banco está melhor se avaliado pela qualidade de activos, financiamento e liquidez, com o rácio de crédito em risco de 3,2% em Setembro e o rácio crédito/depósitos em 115%. O BPI tem ainda “suficientes activos elegíveis para cobrir as necessidades de refinanciamento de médio prazo até 2013”.

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