Milhares de activistas e 19.000 polícias recebem comboio nuclear na Alemanha

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Polícias alemães observam hoje o comboio numa paragem em Neunkirchen, perto de Saarbruecken Alex Domanski/Reuters

O comboio que transporta 11 vagões de resíduos nucleares da França para a Alemanha passou hoje a fronteira entre os dois países. À sua espera, milhares de activistas contra o nuclear, vigiados por 19.000 agentes da polícia.

O destino final do lixo nuclear é conhecido: o centro de armazenamento de Gorleben, no Norte da Alemanha, antiga mina de sal que recebe estes resíduos desde 1995. Já o itinerário tem sido mantido em segredo até ao último momento, para evitar os manifestantes que querem bloquear a sua passagem, em protesto.

Depois de todo o percurso em território francês, onde estiveram mobilizados 2000 polícias, o comboio passou a fronteira para a Alemanha entre Forbach e Saarbruecken, pouco depois das 09h00.

A Alemanha mobilizou 19.000 homens e durante a noite passada 60 polícias alemães subiram a bordo do comboio para uma escolta mais apertada, disse o porta-voz do Ministério francês do Interior, Pierre-Henry Brandet. O movimento anti-nuclear alemão é, tradicionalmente, mais organizado e estima-se em 20.000 o número de pessoas em protesto contra a progressão do comboio. Os manifestantes alemães já anunciaram que vão tentar bloquear a viagem na parte Sul do percurso e que está prevista uma manifestação em Spire (Sudoeste). Ontem à noite, cerca de 600 activistas manifestaram-se a 20 quilómetros do centro de armazenamento de Gorleben e a polícia recorreu ao lançamento de gás lacrimogéneo e a canhões de água para os dispersar.

O comboio, que não deve chegar ao seu destino antes de sábado, partiu da gare de Valognes (Oeste de França) na quarta-feira. A viagem já ficou marcada por confrontos entre polícia e activistas e uma paragem em Rémilly durante todo o dia de ontem, por decisão das autoridades.

Este é o 12.º e último transporte de resíduos nucleares alemães que foram tratados pelo grupo francês Areva, em La Hague (Oeste de França), para Gorleben, no estado da Baixa-Saxónia, na Alemanha, país que decidiu abandonar o nuclear até 2022.

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