Rússia esteve em contacto com sonda Fobos-Grunt

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A sonda deveria recolher amostras de solo de uma lua de Marte ESA/Reuters/arquivo

Cientistas russos conseguiram receber e decifrar dados da sonda Fobos-Grunt, mais de duas semanas depois de esta ter falhado a trajectória para Marte e ficar em silêncio na órbita da Terra.

Ontem, a estação espacial russa no cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, recebeu sinais da Fobos-Grunt, uma prova de que está activa e com abastecimento energético. Segundo a agência de notícias russa Ria Novosti, os cientistas conseguiram obter “alguns dados” sobre as condições actuais da sonda, que foi lançada para o espaço a 8 de Novembro, acoplada a um foguetão Zenit, a partir de Baikonur.

“Recebemos um sinal do aparelho e dados de telemetria. De momento, os nossos especialistas estão a trabalhar essas informações”, disse um responsável da Agência espacial russa (Roskosmos), Alexei Kuznetsov, citado pela AFP.

Normalmente, a telemetria inclui informação sobre o estado dos sistemas de um aparelho espacial. No entanto, não se sabe até que ponto a sonda que deveria recolher amostras de solo numa lua de Marte ainda está funcional, nem as causas do seu comportamento errático.

Pouco depois de ter sido lançada, no início do mês, a sonda alcançou a órbita terrestre, de onde depois deveria seguir uma trajectória em direcção a Marte. Mas, por razões ainda desconhecidas, os motores da sonda não foram accionados e a Fobos-Grunt não saiu da órbita da Terra, onde permanece até hoje.

Nesta terça-feira, depois de duas semanas em silêncio, a estação australiana de Perth da Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês) conseguiu finalmente o primeiro sinal de vida da sonda. Desde então, a agência tem mantido algum contacto com a Fobos-Grunt.

Sonda poderia vir a estudar asteróide

Peritos afirmam que a missão a Marte falhou porque a última “janela de oportunidade” para enviar a sonda para o planeta vermelho fechou na segunda-feira.

O cientista da missão Fobos-Grunt, Alexandre Zakharov, disse à Ria Novosti que a análise dos dados de telemetria permite mostrar se a sonda poderá ser “reanimada” e utilizada para outras missões de investigação.

Se a sonda estiver totalmente operacional, a melhor missão científica era o estudo de um asteróide próximo da Terra. “Se assumirmos que a sonda pode vir a ser reanimada... então podemos escolher um asteróide próximo da Terra e enviar a sonda até lá”, disse Zakharov. “No entanto, essa missão exigiria uma preparação muito significativa. Teríamos de calcular a órbita e estudar questões de fornecimento de energia. Demoraríamos meses.”

Entretanto, a Roskosmos já revelou que vai concentrar-se na Lua nas suas próximas missões espaciais, noticiou a Ria Novosti.

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