Campos e Cunha diz que não há razões para reduzir salários no sector privado

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Campos e Cunha nas jornadas parlamentares do PSD, em 2010 Miguel Manso

O economista Luís Campos e Cunha defendeu, neste sábado, que não há razões para reduzir salários no sector privado, sublinhando que “os custos unitários do trabalho têm evoluído muito favoravelmente” para as empresas.

Para o antigo ministro das Finanças, o aumento do horário de trabalho e a diminuição do número de feriados serão suficientes, neste momento, para assegurar uma ainda maior redução dos custos do trabalho. “Não vejo razão para haver mais ajustamentos do ponto de vista salarial”, sublinhou.

Campos e Cunha admitiu, no entanto, que “noutras circunstâncias”, a redução salarial poderá fazer sentido. “Veremos. Pode ser que daqui a um ano faça sentido, mas esperemos que não, que daqui a um ano estejamos a falar de aumento de salários”, acrescentou.

Segundo o antigo governante, a solução para a crise passa pela poupança, tanto dos portugueses em geral como do Estado. “Os portugueses estão a poupar mais e o Estado também está a poupar, embora em boa parte à nossa custa”, afirmou, defendendo que o Estado deveria poupar “na despesa, na gordura, na burocracia, na confusão”.

Campos e Cunha disse que o corte dos subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos são apenas “uma forma de adiar o problema”, até porque “não podem ser definitivos, por razões constitucionais”.

O ex-ministro avisou que 2012 vai ser um ano “de grande austeridade”, mas sublinhou que “os próximos seis meses vão ditar muita coisa”. “Esperamos que dentro de dois a três anos a economia esteja a crescer a uma taxa saudável”, disse ainda, à margem da conferência “Poupança e Investimento – Preparar o futuro”, promovida pela Casa de Investimentos.

“Cada empresa sabe de si”, diz presidente da bolsa de Lisboa

Também em Braga, o presidente da bolsa de Lisboa, Luís Laginha de Sousa, defendeu que a questão da redução de salários no sector privado é uma competência de cada empresa, mas afastou-se dessa solução aconselhada quarta-feira pela troika.

“É um tema que compete a cada empresa, mas não será seguramente fácil e não me parece que seja a via a explorar”, referiu.

A troika sugeriu na quarta-feira que o sector privado deve seguir o exemplo do sector público e aplicar reduções salariais, para “melhorar a competitividade dos custos da mão-de-obra”, conforme consta do comunicado da missão conjunta da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional.

Para Luis Laginha de Sousa, “cada empresa sabe de si” e deve tomar as decisões que considerar mais apropriadas.

“Sendo privadas, têm uma gestão própria, deverão analisar o que são as suas condições de competitividade e procurar encontrar as formas de se posicionarem no mercado, de modo a proporcionarem bem-estar aos seus colaboradores e servirem os seus clientes, e esse é o desafio principal”, disse ainda.

O responsável sublinhou que “não há soluções milagrosas” para recuperar a confiança dos investidores, mas afirmou que um dos factores indispensáveis é dar garantias relativamente à questão das dívidas soberanas. Sobre o plano de recapitalização dos bancos portugueses, o presidente da bolsa escusou-se a pronunciar-se.

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