Venda da Tobis decidida até ao final da próxima semana

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A Tobis tem um passivo de oito milhões de euros, segundo o secretário de Estado da Cultura Nuno Oliveira

A assembleia-geral da Tobis terminou a meio da tarde de sexta-feira deixando em funções a actual administração, demissionária desde Outubro, e sem grandes novidades sobre a venda dos laboratórios históricos do cinema português.

À saída desta reunião que decorreu na sede da empresa, em Lisboa, José Pedro Ribeiro, director do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), preferiu não responder às perguntas dos jornalistas, mas fez uma breve declaração em que garantiu que a conclusão das negociações para a mudança de accionista maioritário na Tobis está para “muito breve”.

“As perspectivas são muito positivas”, disse o director do ICA, entidade que tutela a Tobis, empresa de que o Estado detém 96,4% do capital. “Até ao final da próxima semana [o negócio] deve estar resolvido.”

Antes das suas breves declarações à imprensa, José Pedro Ribeiro afirmara ao representante da comissão de trabalhadores, Tiago Silva, que existia uma “intenção firme de compra”, mas que não podia revelar o nome do interessado. “O director do ICA informou-me que está agora a ser analisada a auditoria externa que acaba de ser feita à Tobis pela consultora Deloitte. Segundo Tiago Silva, o que está ainda em dúvida, “a ser discutido”, diz respeito “às condições de venda da empresa”

“José Pedro Ribeiro disse-me, garantidamente, que a venda estaria concluída até ao final da próxima semana”, acrescentou o representante dos trabalhadores. O director do ICA comunicou ainda a Tiago Silva que será de esperar um atraso no pagamento dos ordenados de Novembro, o que não é novidade para os 53 funcionários da Tobis.

A empresa está desde 2009 numa complicada situação financeira e, segundo o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, tem um passivo de oito milhões de euros. Na reunião desta sexta-feira deveriam ter sido nomeados os novos órgãos sociais da empresa, mas como o negócio não está ainda concluído, a presidente Fátima Vinagre e a sua equipa vão continuar a trabalhar.

A nova administração deveria ter sido apresentada na assembleia-geral de accionistas de 21 de Outubro, que acabou por ser suspensa a pedido do ICA, que alegava precisar de mais tempo para concluir o negócio da venda. Uma segunda assembleia, agendada para 7 de Novembro, foi adiada pelo mesmo motivo.

Todo o processo negocial tem estado envolto em grande secretismo, embora um grupo de investidores ligado ao MPLA seja apontado como provável comprador. O Jornal de Negócios chegou mesmo a noticiar que a Tobis foi adquirida a 20 de Outubro por uma empresa angolana, por sete milhões de euros. Mas Viegas não o confirmou, explicando que assinou um “pré-acordo que inclui um princípio de confidencialidade” (ver PÚBLICO de 7 de Novembro).

Notícia actualizada às 18h41
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