Juros italianos disparam para novos máximos acima de 6,5% nos mercados secundários

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Alessandro Bianchi/ Reuters (arquivo)

Os juros da dívida italiana e espanhola a dez anos saltaram hoje para novos recordes nos mercados secundários. O foco da crise é a Itália, com taxas a dez anos já claramente acima de 6,5%, mostrando a desconfiança dos investidores e aproximando o país de uma situação em que pode deixar de se financiar nos mercados.

As taxas das obrigações italianas a dez anos (prazo de referência nos mercados de dívida pública) saltaram hoje para 6,623% às 9h10 nos mercados secundários, pulverizando os sucessivos recordes da era do euro que vinham batendo na semana passada e aproximando-se do nível crítico de 7%– que o antigo ministro das Finanças Teixeira dos Santos celebrizou por dizer que a partir daí Portugal deixaria de ter condições para se financiar nos mercados.

A acompanhar esta escalada, as taxas nos prazos mais curtos também dispararam, estando àquela hora em 6,612% para as obrigações a cinco anos e em 6,113% a dois anos, o que constitui também novos máximos da era do euro, segundo dados da agência Reuters, que é a fonte do PÚBLICO.

No caso da Espanha, registava-se uma subida também significativa mas menos dramática. As taxas a dez anos saltaram para 5,675%, também às 9h10, enquanto a cinco anos avançavam para 5,02% e a dois anos para 4,465%.

As taxas portuguesas a dez anos também subiam, para 12,139%, abaixo dos máximos de mais de 13% atingidos no início de Julho.

A preocupação com a dívida pública é crescente, o que constitui um pesadelo para a zona euro, pois as necessidades de financiamento do país muito dificilmente poderão ser resolvidas pelos parceiros do euro se a sua gigantesca dívida pública, de 120% do PIB e de quase 1,9 biliões (milhões de milhões) de euros no final do ano passado, deixar de ser financiável nos mercados – como aconteceu já com a Grécia, Irlanda e Portugal.

As taxas de juros nos mercados secundários representam valores implícitos aos preços das transacções entre particulares (ou por vezes de meras intenções), e não são valores pagos pelos Estados. No entanto, são decisivas na formação dos juros que os países pagam quando querem ir endividar-se nos mercados, pois os investidores não estarão dispostos a ganhar muito menos quando têm no mercado títulos a um preço mais convidativo.

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