Berlusconi assegura que tem maioria para governar

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"Berlusconi, vai-te", gritaram os manifestantes em Roma no sábado Charles Platiau/REUTERS

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, disse este domingo ter feito uma verificação “nas últimas horas” para assegura a “maioria no Parlamento" e ultrapassar a moção de desconfiança com que o ameaça o Partido Democrático (centro-esquerda).

Numa conferência telefónica com apoiantes, Berlusconi lançou um apelo aos deputados do seu partido (o Povo da Liberdade) que têm abandonado o grupo parlamentar, mas também à oposição, para aprovarem as medidas decididas pelo Governo.

O pacote de medidas prometido à União Europeia, para recuperar a credibilidade de Itália nos mercados de capitais, será submetido à votação do Senado até 15 de Novembro. Mas já na terça-feira deverá ser apresentado a votação na câmara baixa do Parlamento. "[A aprovação] tem de ser um objectivo prioritário que todas as forças políticas devem partilhar”, disse Berlusconi. “Os que abandonam a maioria cometem um acto de traição não para connosco para com o país”, rematou.

Na semana passada, dois deputados do Povo da Liberdade anunciaram que abandonavam o grupo parlamentar e davam entrada no pequeno partido centrista UDC. Um grupo de seis deputados auto-denominados “insatisfeitos” escreveu uma carta ao primeiro-ministro, pedindo-lhe para alargar a maioria governamental aos centristas e moderados.

Ora segundo os media italianos, Silvio Berlusconi não disporá de mais do que 311 ou 312 votos seguros na Câmara dos Deputados (a câmara baixa do Parlamento), quando a maioria absoluta se atinge com 316.

Mas também há quem considere que Berlusconi está a fazer bluff e já não dispõe de deputados suficientes para fazer passar o pacote legislativo de emergência. O jornal La Repubblica fala mesmo na possibilidade de uma vintena de deputados rebeldes formarem um novo grupo parlamentar, deixando o partido do Governo sem maioria.

No sábado, a principal força da oposição italiana, o Partido Democrático, juntou em Roma dezenas de milhares de manifestantes que pediram a demissão do chefe do Governo. “Silvio, vai-te”, era uma das palavras de ordem.

Durante a manifestação foram duramente criticadas as declarações feitas pelo chefe do Governo na sexta-feira em Cannes, onde decorreu a cimeira do G20. Berlusconi disse que a crise, em Itália, não é "forte" e que "todos os restaurantes e aviões estão cheios".

Bonecos representando Umberto Bossi também lá estavam. O chefe da Liga do Norte é o aliado de Silvio Berlusconi no Governo e tem sempre oscilado entre o apoio ao primeiro-ministro e a defesa de eleições antecipadas.

Pier Luigi Bersani, dirigente do Partido Democrático, diz que "é preciso mandar Berlusconi embora", mas que isso não basta, relatava o La Repubblica: "É preciso reconstruir o país, no plano económico, social, político e cívico."

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