Barroso admite congelamento do empréstimo à Grécia

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Durão Barroso diz que o referendo na Grécia tem consequências "imprevisíveis" Francois Lenoir/Reuters

A hipótese de uma rejeição na Grécia do plano de resgate europeu no referendo anunciado pelo Governo levou hoje o Presidente da Comissão, Durão Barroso, a admitir por telefone ao primeiro-ministro helénico, Georgios Papandreou, a suspensão da sexta tranche do empréstimo externo, avança o Financial Times.

O telefonema terá acontecido durante esta tarde, antes de Papandreou se encontrar ao final do dia com o próprio Barroso numa reunião de crise em Cannes, onde estão presentes também a chanceler alemã, Angela Merkel e o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse ao jornal britânico uma fonte europeia não identificada.

Também a agência Lusa avançou, entretanto, a partir de Bruxelas que a União Europeia planeia congelar a sexta tranche do empréstimo externo a Atenas, no valor de oito mil milhões de euros, até que se realize o referendo.

A fatia do financiamento estava prevista entrar nos cofres do Estado até meados deste mês, para que o Governo possa cumprir os compromissos financeiros no final de Novembro. A sua libertação recebera já luz verde da zona euro e da troika (Comissão, BCE e FMI) que avaliara em Atenas a implementação do programa de ajustamento, mas Bruxelas poderá agora recuar depois de o executivo grego querer referendar o pacote de assistência.

À chegada a Cannes, Barroso prevenira para as consequências “imprevisíveis” de um eventual chumbo no referendo. “A União Europeia alcançou um acordo sobre vastas medidas de apoio à Grécia. Mas para que essas medidas entre em vigor é crucial que haja estabilidade no país”, disse, acrescentando: “Sem o acordo da Grécia ao programa da UE e do FMI, as condições para os gregos seriam muito mais dolorosas, em particular para os mais vulneráveis”.

É com a luz verde do seu Governo para levar a referendo o plano anti-crise negociado com Bruxelas, mas a enfrentar divisões internas no partido socialista (Pasok) e a ameaça de a realização do referendo não ser aprovada que Papandreou reúne hoje com os pesos pesados da zona euro.

Numa reunião de crise que antecede a cimeira das 20 maiores economias mundiais (amanhã e sexta-feira em Cannes) estão reunidos Barroso, Merkel, Sarkozy, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, o presidente do eurogrupo, Jean-Claude Juncker, e ainda Christine Lagarde, directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) e até há meses ministra das Finanças francesa. A estes responsáveis juntou-se, mais tarde, Papandreou numa segunda reunião que ainda estará a decorrer.

No final da primeira reunião, Jean-Claude Juncker lembrou que os líderes da zona euro assumiram compromissos para a resolução da crise em nome dos 17 e que não a União não pode aceitar agora que “algum [país] se dissocie desta decisão”, cita a agência AFP.

Papandreou foi hoje citado na imprensa como tendo dito aos seus ministros que o referendo seria uma votação a favor ou contra a assistência europeia ao país, mas um porta-voz do Governo veio hoje retirar importância às interpretações políticas retiradas dessa declaração, dizendo que o que será perguntado no referendo é sobre o plano de resgate do país e não sobre a Grécia enquanto membro da moeda única, escreveu a Reuters.

Notícia actualizada às 20h02
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