Brasil: OCDE prevê PIB a crescer abaixo de 4% em 2011 e 2012
O crescimento real do produto interno bruto (PIB) brasileiro deverá reduzir-se nos próximos dois anos para menos de quatro por cento, abaixo da taxa potencial de 4,5 por cento, estima a OCDE em relatório divulgado quarta-feira.
“A procura interna, estimulada por um investimento vigoroso, deverá provavelmente continuar a sustentar a actividade económica, mas deverá atenuar-se, progressivamente, como reacção ao endurecimento das políticas macroeconómicas”, prevê-se no texto. A previsão da OCDE é de que o Brasil cresça 3,6 por cento este ano e 3,5 por cento em 2012.
Na avaliação da organização, o principal desafio macroeconómico do país para os próximos meses consiste em dominar a inflação dentro de um contexto de abundante liquidez mundial.
A OCDE espera que a inflação brasileira chegue a 6,5 por cento este ano e 6,2 por cento em 2012. “Há riscos negativos neste cenário e o desempenho económico do Brasil depende da materialização de um cenário relativamente favorável para a economia mundial”, sublinha-se no documento.
A instituição observa que a actual estabilidade económica do país deve-se à sua reação oportuna à crise de 2008, com a conjugação de flexibilização monetária e um “certo nível de estímulo fiscal” e expansão de crédito.
Para a OCDE, no entanto, o significativo crescimento de 7,5 por cento no PIB brasileiro em 2010 “eliminou totalmente o excedente de capacidade que ainda existiam na economia”.
A divulgação dos comentários gerou indisposição entre representantes do Ministério brasileiro da Fazenda brasileiro, que rejeitaram algumas das análises.
“Há inconsistências nas projecções macroeconómicas, pois a OCDE olha para trás e minimiza a capacidade do Brasil de responder aos desafios que se coloca, talvez contaminada pelas dificuldades de reacção dos países desenvolvidos, especialmente Europa e EUA”, afirmou o secretário do Ministério da Fazenda para a Política Económica, Márcio Holland.
O secretário disse ainda que a desaceleração deste ano resultou de políticas promovidas pelo próprio governo, que não permitirá que essa “acomodação” se transforme em uma “desaceleração”.
A projecção oficial do governo para o crescimento do PIB em 2012 é de cinco por cento.