BES ‘perde’ 100 milhões com desconto na dívida portuguesa

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Ricardo Salgado, presidente do BES Foto: Miguel Madeira

Uma eventual decisão do Conselho Europeu de contabilizar as imparidades dos investimentos dos bancos europeus em dívida soberana pode, no limite, afectar negativamente o Banco Espírito Santo em 100 milhões de euros, indicou hoje o administrador financeiro do BES.

Segundo disse hoje Amílcar Morais Pires numa conferência de imprensa em Lisboa, se essa for a opção do Conselho Europeu da próxima quarta-feira, a menos valia potencial do BES a uma contabilização do haircut (desconto ou “perdão” de dívidas soberanas) nos seus rácios de capital é de 100 milhões de euros.

No mesmo evento, Ricardo Salgado disse que “é essencial que se chegue a um acordo” na próxima cimeira de quarta-feira: “Ainda há opiniões diferentes mas estamos todos à espera de que haja um acordo. É fundamental que haja uma decisão” na próxima quarta-feira, disse o presidente executivo do BES numa conferência de imprensa hoje em Lisboa.

Salgado não quis avançar mais pormenores, uma vez que não se sabe a dimensão dos haircuts nem o método a aplicar.

O banco tem vindo a tomar decisões em matéria dos seus rácios de capital, disse o presidente do BES: “Tomámos as nossas medidas de conversão de dívida, esta etapa deve permitir atingir os nove por cento do core tier one, [depois aquilo que tiver de ser feito a partir daqui] deve ser ajustado em função dos testes de resistência e dos ajustamentos que vierem a ser adoptados pela ‘troika’.”

“O BES está bem capitalizado”, sublinhou Ricardo Salgado, garantindo que o banco não está exposto à dívida grega: “Não temos exposição a outra dívida [soberana] para além da portuguesa.”

Comparando com a situação em que se encontra a Grécia, de eventual reestruturação da dívida soberana, o presidente do BES reiterou: “Não acreditamos que haja reestruturação da dívida portuguesa. Acreditamos que as medidas adoptadas no Orçamento do Estado deverão ser suficientes para atingir os objectivos assumidos com a ‘troika’. Não acredito na reestruturação da dívida portuguesa.”

O BES tem em carteira 3,3 mil milhões de euros, dos quais 3 mil milhões são dívida soberana portuguesa de curto prazo (com maturidade inferior a um ano).

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