BES ‘perde’ 100 milhões com desconto na dívida portuguesa
Uma eventual decisão do Conselho Europeu de contabilizar as imparidades dos investimentos dos bancos europeus em dívida soberana pode, no limite, afectar negativamente o Banco Espírito Santo em 100 milhões de euros, indicou hoje o administrador financeiro do BES.
Segundo disse hoje Amílcar Morais Pires numa conferência de imprensa em Lisboa, se essa for a opção do Conselho Europeu da próxima quarta-feira, a menos valia potencial do BES a uma contabilização do haircut (desconto ou “perdão” de dívidas soberanas) nos seus rácios de capital é de 100 milhões de euros.
No mesmo evento, Ricardo Salgado disse que “é essencial que se chegue a um acordo” na próxima cimeira de quarta-feira: “Ainda há opiniões diferentes mas estamos todos à espera de que haja um acordo. É fundamental que haja uma decisão” na próxima quarta-feira, disse o presidente executivo do BES numa conferência de imprensa hoje em Lisboa.
Salgado não quis avançar mais pormenores, uma vez que não se sabe a dimensão dos haircuts nem o método a aplicar.
O banco tem vindo a tomar decisões em matéria dos seus rácios de capital, disse o presidente do BES: “Tomámos as nossas medidas de conversão de dívida, esta etapa deve permitir atingir os nove por cento do core tier one, [depois aquilo que tiver de ser feito a partir daqui] deve ser ajustado em função dos testes de resistência e dos ajustamentos que vierem a ser adoptados pela ‘troika’.”
“O BES está bem capitalizado”, sublinhou Ricardo Salgado, garantindo que o banco não está exposto à dívida grega: “Não temos exposição a outra dívida [soberana] para além da portuguesa.”
Comparando com a situação em que se encontra a Grécia, de eventual reestruturação da dívida soberana, o presidente do BES reiterou: “Não acreditamos que haja reestruturação da dívida portuguesa. Acreditamos que as medidas adoptadas no Orçamento do Estado deverão ser suficientes para atingir os objectivos assumidos com a ‘troika’. Não acredito na reestruturação da dívida portuguesa.”
O BES tem em carteira 3,3 mil milhões de euros, dos quais 3 mil milhões são dívida soberana portuguesa de curto prazo (com maturidade inferior a um ano).