Bélgica avisa que não pretende arcar com todos os custos do resgate do Dexia

Foto
A Bélgica quer da França "uma divisão equitativa dos custos", diz o primeiro-ministro belga, Yves Leterme. Francois Lenoir/Francois Lenoir

O Governo belga já avisou que não pretende arcar com todos os custos de reestruturação dos activos do banco Dexia, no âmbito de um processo que está a ser negociado com a França.

Bruxelas e Paris estão a discutir a divisão dos activos do grupo, do qual os dois são co-accionistas. A administração do banco confirmou que a administração irá reunir-se no próximo sábado em Paris para votar os planos de separação, depois de a França e a Bélgica terem garantido financiamento.

“Está claro que esta é uma parte muito sensível e crucial das negociações – uma divisão equitativa dos custos”, disse o primeiro-ministro belga Yves Leterme na rádio RTL, questionado sobre o que desejava do lado dos franceses.

Estes comentários foram apoiados pelo ministro das Finanças Didier Reynders, que disse que a Bélgica não pretende arcar com o peso total de salvar, e possivelmente nacionalizar, a parte belga do grupo, tal como suportar os activos tóxicos ligados ao passado do Dexia. A Bélgica avançou com 60% das garantias de Estado de 150 mil milhões de euros concedidas ao Dexia em 2008.

Fontes próximas das negociações entre Bruxelas e Paris disseram à Reuters que poderá haver um acordo para dividir a meio os activos tóxicos do banco, uma vez que isso poderá ser o máximo que a Bélgica pode suportar, mas Paris recusou-se a comentar. Os dois países deverão concluir o plano de resgate hoje ou na sexta-feira, de forma a ser votado no fim-de-semana.

O Governo francês inclina-se para a separação da parte do Dexia que financia os municípios em França, para combiná-la com o banco público Caisse des Depots (CDC) e o braço bancário dos Correios, o Banque Postale.

Já a Bélgica deveria ficar responsável pelo negócio do Dexia Bank Belgium, largamente baseada na banca de retalho, prevendo-se a nacionalização. De acordo com o jornal belga De Tijd, foi este o caminho escolhido pelo Governo, mas um porta-voz recusou-se a comentar. Disse apenas que os especialistas financeiros franceses e belgas tinham iniciado conversações, prevendo-se que mais tarde se juntem os ministros das Finanças.

Quanto às unidades do banco no Luxemburgo e na Turquia, deverão ser vendidas, com o Governo do Luxemburgo a ficar com uma minoria do capital. Uma nova sociedade a criar deverá ficar na posse de 95 mil milhões de euros de obrigações que o grupo planeava vender, incluindo alguma dívida soberana de países mais fracos da zona euro.

No entanto, os sindicatos dos Correios franceses já atacaram publicamente os novos planos, nomeadamente a junção do Banque Postale e da CDC com uma parte do Dexia. “O Dexia é uma caricatura do tipo de estragos causados pela corrida a lucros cada vez maiores, por qualquer meio necessário, incluindo meios loucos como a emissão de activos tóxicos para as autoridades locais”, disseram.

Sugerir correcção
Comentar