EUA reinvestem 400 mil milhões de dólares de dívida

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Ben Bernanke preside à Reserva Federal dos EUA Jonathan Ernst/Reuters

A Reserva Federal norte-americana (Fed), o banco central dos Estados Unidos, vai substituir mil 400 milhões de dólares de dívida de curto prazo que vence no próximo ano por dívida de longo prazo no mesmo valor.

O comité do mercado aberto da instituição decidiu que estender a maturidade de 400 mil milhões de dólares (293 mil milhões de euros) de dívida de seis para 30 anos e vender um montante idêntico de dívida com maturidades de três ou menos anos, anunciou a instituição numa nota publicada no seu site.

Desta forma, a Fed consegue pressionar em baixo as taxas de juro de longo prazo, que são cobradas nos empréstimos à habitação ou para compra de carro, com vista a estimular o consumo e o investimento. Além disso, ao baixar os juros, estimula-se a fuga dos investidores para investimentos mais arriscados, como acções e dívida das empresas.

Esta decisão da Fed era já esperada pelos mercados e não implica que a autoridade monetária crie moeda, como fez nas suas intervenções anteriores para comprar dívida, afastando assim os receios de que se gerem pressões inflacionistas.

Além disso, a Fed vai reinvestir os ganhos decorrentes dos empréstimos à habitação que vencem novamente no mercado imobiliário, de modo a ajuda o sector, que esteve na origem da crise financeira de 2008.

O banco central justificou os novos estímulos com o facto de a taxa de desemprego estar a cair muito lentamente e com os riscos que se colocam à economia americana, desde logo devido à turbulência dos mercados financeiros mundiais.

Com a taxa de desemprego nos 9,1%, a confiança dos consumidores e das empresas abalada e os perigos da crise da dívida europeia à espreita, a Fed já tinha dado sinais de estar pronta a impedir que a economia enfraquecesse ainda mais. O próprio FMI, nas suas últimas previsões, alerta que os EUA possam voltar a resvalar para uma recessão e recomendou à Fed que considerasse novos estímulos à economia.

Além disso, o banco central americano não está sozinho nas suas preocupações. O Banco de Inglaterra disse ontem que está pronto para injectar mais dinheiro na economia britânica, provavelmente já em Outubro.

Em resposta à crise de 2008-2009, a Fed embarcou num dos mais agressivos planos de estímulo de que há memória, ao reduzir as taxas de juro para próximo de zero em Dezembro de 2008 e começar a imprimir moeda para comprar dívida, o que mais do que triplicou o seu portefólio para 2,8 milhões de milhões de dólares. Em Agosto, a Fed já tinha prometido manter as taxas de juro perto de zero até meados de 2013.

Contudo, estes estímulos da Fed têm gerado forte contestação política. Esta semana, os principais líderes republicanos do Congresso escreveram uma carta ao presidente da Fed, Ben Bernanke, a pedir que o banco central não enveredasse por mais intervenções económicas, dizendo que isso poderia “exacerbar os problemas actuais e prejudicar ainda mais a economia americana”.

Notícia actualizada às 22h37
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