Crise leva magnata venezuelano a espreitar investimentos em Espanha

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Herdeiro do Grupo Cisneros considera Espanha um "mercado natural" para a companhia venezuelana Carlos Lopes

O milionário venezuelano Gustavo Cisneros disse hoje que pretende comprar empresas espanholas, aproveitando o facto de a crise da dívida soberana estar a afundar o preço dos activos.

O presidente do Grupo Cisneros, que aglutina empresas de media, entretenimento e telecomunicações, pondera adquirir empresas da área industrial e órgãos de comunicação social em Espanha, sectores onde vê “grandes oportunidades”. O empresário descartou qualquer investimento na banca.

“Há muito tempo que queria” investir em Espanha, “mas o preço tem estado muito alto”, disse ontem Cisneros, numa conferência organizada pela agência Bloomberg. No entanto, com o agudizar da crise da dívida, o empresário decidiu “voltar a olhar para Espanha”. “É um mercado natural para nós [Grupo Cisneros]” e que permite “exportar para a América Latina”, afirmou.

O índice bolsista espanhol IBEX 35 já desvalorizou 22% nos últimos 12 meses. A quarta maior economia da Europa apresentou, no último mês, uma taxa de desemprego de 21% e, no ano passado, o défice orçamental atingiu 9,2% do PIB, o terceiro mais elevado da zona euro, depois de Grécia e Irlanda.

Apesar destes números, Cisneros acredita que a Espanha “vai ficar bem. Conhecemos muito bem a Espanha e identificamo-nos com a sua cultura”.

Cisneros referiu ainda que as companhias chinesas estão a ultrapassar as concorrentes norte-americanas, no que toca à parceria com as congéneres da América Latina. O empresário venezuelano negoceia, neste momento, segundo a agência Bloomberg, parcerias com bancos chineses para investir em matérias-primas provenientes do mercado latino.

“A China tem uma política externa direccionada para a cooperação empresarial, e o Governo canalizou-a em termos de investimento para a América Latina”, disse Cisneros. Já nos Estados Unidos, “o sector privado esqueceu-se” deste mercado.

De acordo com a Bloomberg, que cita dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a China representa 9% do investimento estrangeiro directo na região da América Latina, estando apenas atrás dos Estados Unidos e da Holanda.

Notícia corrigida às 15h30
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