Medicamento Champix para deixar de fumar pode aumentar riscos cardiovasculares

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Um estudo canadiano atribui ao Champix riscos acrescidos de acidentes cardio-vasculares Enric Vives-Rubio

O medicamento Champix para deixar de fumar e vendido em quase 90 países, incluindo Portugal, apresenta graves riscos cardiovasculares, conclui um novo estudo publicado na segunda-feira, no Canadá, mas contestado pelo laboratório, que defende os benefícios do fármaco.

A investigação, publicada na revista científica Canadian Medical Association Journal e que abrange 8.000 pessoas sem problemas cardíacos, refere que a ingestão da substância activa vareniclina, comercializada sob o nome de Champix, "está associada a um risco acrescido de 72 por cento de hospitalização por acidente cardiovascular grave, como um ataque ou arritmia cardíacos".

O laboratório Pfizer, citado pela agência noticiosa AFP, reafirmou, no entanto, a sua confiança no medicamento que produz e criticou a metodologia usada no estudo, nomeadamente a "forma como os acidentes cardiovasculares foram contabilizados e classificados".

Baseando-se num estudo clínico a 700 fumadores, a autoridade norte-americana do medicamento ordenou, em Junho, à Pfizer para que alterasse o folheto informativo do Champix, no sentido de o fármaco ser contra-indicado a doentes que sofrem de problemas cardíacos.

Mais de 1.200 queixas contra o medicamento foram apresentadas, no início deste ano, na Justiça norte-americana, alegando que o fármaco conduz a estados suicidas.

Contactado pela agência Lusa, o Infarmed adiantou que “o estudo está a ser analisado pelas autoridades competentes nacionais (Infarmed) e europeias (Agência Europeia do Medicamento - EMA).

A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde lembra que os estudos científicos publicados na literatura médica internacional são “um dos instrumentos tidos em conta na contínua monitorização da relação risco/benefício dos medicamentos”.

No entanto, importa referir que o risco cardiovascular é conhecido e faz parte do resumo das características do medicamento desde 2007, refere o Infarmed, realçando que o Champix não é comparticipado em Portugal

De acordo com a AFP, a agência europeia do medicamento mantém, desde Dezembro de 2007, o alerta para "o risco de depressão, ideias suicidas ou tentativa de suicídio entre as pessoas que desejam parar de fumar com Champix".

A França, através do ministro da Saúde, anunciou a 31 de Maio que o medicamento não seria mais comparticipado.

Em Portugal, o Champix é vendido na forma de comprimidos e em três dosagens.

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