Carvalho da Silva critica “conversas entre amigos para lixar o povo”

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Carvalho da Silva diz que não falou com o Governo sobre o imposto extraordinário Carlos Lopes (arquivo)

O secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, criticou hoje o plano de Governo e o que diz serem “conversas entre amigos para lixar o povo”, numa alusão à possibilidade de introdução de um imposto extraordinário sobre o IRS.

“Ouvimos dizer que terá falado com alguns parceiros sociais, mas connosco não foi. A acontecer [imposto extraordinário, sobre IRS], será mais uma injustiça”, afirmou Carvalho da Silva, questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade que hoje foi adiantada pelo Jornal de Negócios, citando parceiros sociais que terão conhecido a intenção depois de reuniões com o Governo.

Minutos antes, participando numa acção pública em defesa da viabilidade dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e contra o anunciado despedimento de 380 dos 720 trabalhadores da empresa pública, Carvalho da Silva era menos comedido:

“Conversa entre amigos para lixar o povo”, apontou, acusando o ministro da Economia de “negociar” com “os patrões”, já que na reunião desta semana, com a CGTP, Álvaro Santos Pereira, “nada nos disse”.

Questionado sobre as propostas do Plano de Governo já conhecidas, o líder da Intersindical diz que representam um “empobrecimento dos portugueses” e “injustiça porque são as vítimas das políticas que são chamadas a fazer mais sacrifícios”.

O sindicalista criticou ainda o “cinismo e hipocrisia” dos agentes políticos por “acenarem” com algumas medidas, como a possibilidade de acesso ao subsídio de desemprego por trabalhadores com recibos verdes.

“É sempre possível encontrar uma agulha no palheiro, mas isso não descaracteriza o palheiro e a dificuldade em encontrar a agulha”, apontou.

Quanto ao plano da maioria PSD/CDS-PP, acusa, apresenta “políticas que não trazem saída” que conduzem “ao empobrecimento” e ao “agravamento do desemprego”, além da “privatização em saldo” de empresas públicas.

“É um plano de insistência no sacrifício, que culpabiliza as vítimas das políticas anteriores”, disse ainda.

Carvalho da Silva participou nas manifestações dos trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e, recordando o apelo à aposta na economia do mar e dos produtos nacionais por parte do presidente da República, criticou o seu “silêncio” sobre a situação no maior construtor naval português.

“O homem [Cavaco Silva] ficou calado, sem dizer uma palavra [sobre os ENVC]. Ele que tanto prejuízo e desatenção deu ao setor do mar enquanto primeiro-ministro”, criticou, perante o aplauso das cerca de 3000 pessoas concentradas na Praça da República de Viana.

Perante os recentes apelos de Cavaco Silva, o líder da CGTP garantiu que não se pode ficar “pelos discursos”, e deve intervir neste caso.

“Ainda bem que fala nisto, agora, mas não pode só falar e esconder-se atrás daquele sorriso, tem de fazer alguma coisa”, reclamou.

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