TAP apoia trasladações de militares mortos na guerra colonial

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A principal preocupação da Liga dos Combatentes é trasladar os corpos dos militares para locais dignos António Borges (arquivo)

O presidente da Liga dos Combatentes, Joaquim Chito Rodrigues, anunciou hoje ter chegado a um acordo com a TAP para, em “casos especiais”, apoiar o transporte de corpos de militares cujas famílias pretendam que sejam trasladados.

“É um acordo extraordinariamente importante dentro do nosso programa ‘Conservação das Memórias’”, frisou o general à agência Lusa, em Pindo, Penalva do Castelo, no final das cerimónias fúnebres do soldado Cabral Ribeiro, falecido em Moçambique a 31 de dezembro de 1965.

O apoio da TAP será dado mediante solicitação da Liga dos Combatentes, “em casos especiais e pontuais, e reduz significativamente o preço das trasladações que vierem a ser consideradas em condições de ser apoiadas”, explicou.

Chito Rodrigues referiu que “a TAP tem os seus condicionalismos e os casos têm de ser analisados”, não sendo, por isso, um acordo generalista.

“Como as trasladações se têm feito a um ritmo que consideramos normal dentro do que as famílias têm solicitado, ficámos extraordinariamente satisfeitos e gratos à administração da TAP de nos ter concedido o apoio” acrescentou.

O responsável lembrou que o programa “Conservação das Memórias” é “um programa estruturante e estratégico que a liga tem”, mas que é também global.

“Não se trata apenas de Angola, Moçambique ou Guiné, mas de um programa global de dignificação dos espaços onde se encontram inumados portugueses caídos por Portugal”, sublinhou.

A principal preocupação da Liga dos Combatentes é “localizá-los, identificá-los, concentrá-los e dignificar esses espaços”, ou seja, trasladar “da mata ou do capim para locais mais dignos nos países onde se encontram”.

Contou que na Guiné “todos os militares saídos de Portugal já estão concentrados num cemitério digno em Bissau”.

Em Moçambique, decorrerá uma segunda missão na última quinzena deste mês, para fazer o reconhecimento no centro e sul do país dos locais onde se encontram inumados militares portugueses.

“Numa terceira missão pensamos fazer já algumas exumações”, avançou, explicando que o plano consiste em dignificar dois cemitérios, com o apoio das autoridades moçambicanas, e fazer dois ossários, um em Nampula e outro na Beira, “para concentrar os corpos que estão isolados no mato”.

A Liga já esteve também no Mindelo, em Cabo Verde, já tratou de cemitérios em S. Tomé e Príncipe e espera “em breve” iniciar um programa em Angola.

O general Chito Rodrigues disse ser fundamental para a Liga dos Combatentes garantir a manutenção daquilo que tem andado a fazer.

“Este não é um processo que vai terminar amanhã, mas de prolongamento na vida normal da Liga dos Combatentes, no sentido de garantir que o que andamos a fazer tem futuro”, acrescentou.

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