O próximo passo de Lagarde é tentar o apoio da China para chegar ao FMI

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Lagarde segue a operação de charme para a China, Arábia Saudita e Egipto Ricardo Moraes/Reuters

A ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, esteve hoje reunida ao mais alto nível com as autoridades indianas, mas saiu dos encontros em Nova Deli sem o apoio explícito da Índia para liderar o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segue-se uma operação de charme na China amanhã, onde medirá o pulso à abertura de Pequim quanto ao apoio a um nome europeu à frente da instituição.

Nem o “excelente” pequeno-almoço com o ministro das finanças indiano, Pranab Mukherjee, nem os encontros com o primeiro-ministro, Manmohan Singh, e o presidente da Comissão de planificação do governo, Montek Singh Ahluwalia, valeram o apoio explícito do executivo indiano à candidatura de Christine Lagarde à sucessão de Dominique Strauss-Kahn.

Sem referir o nome de Lagarde, Pranab Mukherjee sublinhou que “a selecção do director-geral do FMI e do Banco Mundial deveria ser feita com base no mérito, na competência e de forma transparente”.

Lagarde minimizou os efeitos dos encontros, dizendo que as autoridades indianas tinham manifestado referências positivas sobre a sua candidatura e apontou baterias para o próximo destino do seu périplo pelas grandes potências emergentes, a China.

“Vários países africanos exprimiram [anteriormente], alguns em público e outros em privado, o seu apoio à minha candidatura”, frisou.

Amanhã é a vez de as autoridades de Pequim receberem Lagarde e, para os próximos dias, a candidata europeia vai ainda passar pela Arábia Saudita, no sábado, e pelo Egipto, no domingo, altura em que já terminou o prazo de entrega de candidaturas à liderança do fundo.

Lagarde tenta convencer as economias emergentes a apoiarem o seu nome para um lugar que desde o primeiro director-geral está nas mãos de um nome europeu e que a Europa não quer perder numa altura de crise da dívida soberana nos seus países periféricos.

Mesmo com a eleição dada como praticamente garantida para a Europa, Lagarde procura reunir apoios nos emergentes que ganharam peso na estrutura do FMI nos últimos meses. O pontapé de saída da operação de charme foi dado no Brasil, quando já tinha reunido o suporte da União Europeia e dava já como certo o apoio dos Estados Unidos e do Japão, que se deverão pronunciar a partir da próxima semana.

Se as reuniões em Brasília e Nova Deli já foram relevantes para Lagarde, o encontro de amanhã poderá ser determinante. A China reforçou, em Outubro, os seus direitos de voto na estrutura directiva do FMI, assim como cresceu o peso de outros emergentes, e o facto de ser a segunda potência económica mundial dá -lhe uma posição relevante no quadro da regulação da economia com cuja pressão Lagarde terá de contar caso venha a ser eleita com ou sem o suporte de Pequim.

Notícia actualizada às 17h33
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