Castro Caldas desmente subfacturação, Eduardo Catroga não fala

O presidente da Sisav, Júlio Castro Caldas (na foto), em funções desde Dezembro, garantiu ontem ao PÚBLICO que não houve qualquer subfacturação na empresa. "O que houve foi um desentendimento entre os accionistas quanto à aplicação da tabela de preços, que tinha a ver com os preços [cobrados] em função das quantidades de resíduos entradas", diz o gestor.

De acordo com a tabela, os preços cobrados aos grandes clientes são bastante inferiores e o diferendo residiria na classificação atribuída a alguns deles. A Sapec, porém, afirmava que havia grandes quantidades que não eram facturadas. Além disso, alegava que alguns clientes, ligados à Egeo, pagavam valores muito inferiores aos mais baixos que constam das tabelas aprovadas pela APA. Castro Caldas nega terminantemente que isso tenha sucedido e assegura que, desde que assumiu o cargo, não encontrou qualquer espécie de práticas que necessitassem de correcção. "Se calhar, foram feitos preços abaixo do preço de custo, mas quantas empresas precisam de o fazer para poderem continuar no mercado?", pergunta.

O gestor afirma que entrou na Sisav "por causa do desentendimento entre os accionistas" e acrescenta que esse problema "foi regularizado por acordo". O advogado salienta que "a gestão da empresa era efectuada com igualdade de responsabilidades da Egeo e da Sapec", nos termos do acordo parassocial, embora a primeira fosse maioritária. Na sua opinião, o tratamento de resíduos perigosos é "um extraordinário termómetro da crise" da indústria portuguesa, a qual provoca uma grave escassez de matérias-primas para os CIRVER. "Se calhar, não há resíduos suficientes para os dois CIRVER existentes e no programa do CDS ainda aparece mais um terceiro, para o Norte do país." Castro Caldas diz que, além da escassez de resíduos, há grandes problemas no sector causados pela "inexistência de fiscalização" de empresas concorrentes e da exportação ilegal de resíduos.

O PÚBLICO tentou contactar Eduardo Catroga (que nunca fez parte da administração da Sisav, presidindo apenas à Sapec), mas não o conseguiu nas últimas duas semanas. A administração da empresa informou, contudo, que nada tem a comentar porque se trata de "questões do foro interno da Sisav", acrescentando que desconhece quaisquer denúncias enviadas à APA. Castro Caldas disse igualmente nada saber sobre essa denúncia.

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