Exposição dos bancos espanhóis a Portugal é de 63,5 mil milhões de euros

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Maioria do valor global da exposição “deve-se à actividade local” de filiais Ricardo Silva

A exposição dos bancos espanhóis à banca portuguesa ascendia a 63,5 mil milhões de euros no final de 2010, o que representa 1,7 por cento dos activos.

Os dados, confirmados hoje pelo Banco de Espanha no relatório semestral de estabilidade financeira – que, este ano, dedica um quadro especial à exposição da banca espanhola a Portugal – evidenciam que a baixa exposição das instituições do país vizinho a Portugal acontece através da actividade de filiais portuguesas de grupos bancários espanhóis, como já avançara o banco central espanhol no início de Abril.

Assim, caso se considerem, além dos activos financeiros, os “compromissos contingentes”, a exposição total ascenderia a 79.100 milhões de euros, “ou cerca de 2,1 por cento do activo do conjunto das entidades de depósito” espanholas.

Em termos gerais, a exposição dos grupos bancários espanhóis à dívida pública é de apenas 7,5 por cento do total.

No caso do sector bancário espanhol, 88 por cento do valor global da sua exposição “deve-se à actividade local” de filiais ou sucursais de grupos espanhóis. Cerca de 95 por cento dessa actividade está concentrada “nos grupos espanhóis com melhores qualificações de crédito e com mais experiência” na gestão de actividades diversificadas geograficamente.

Apesar de esse volume de exposição representar apenas 1,7 por cento do activo consolidado das entidades de depósito, “para avaliar a relevância dessa exposição em termos de potenciais perdas que possam surgir em caso de problemas, há que ter em conta alguns factores”, lê-se no relatório.

Em especial, diferenciar entre “exposições do sector bancário espanhol e financiadas com recursos obtidos de mercados principais” e as que “são exposições derivadas do desenvolvimento da actividade bancária em Portugal” através de filiais ou sucursais.

Um distinção relevante porque “os riscos diferem de forma significativa” já que, no primeiro caso, “as perdas de dívida portuguesa transferir-se-iam directa e imediatamente às carteiras de quem detém essa dívida”.

No segundo caso o dano seria “indirecto” notando-se através da “potencial deterioração das contas de resultados das filiais e do valor das participações que mantém os grupos espanhóis nelas”.

O risco, neste segundo caso, dependerá da própria capacidade das filiais ou sucursais para gerir o ambiente económico mais difícil.

O relatório nota que o peso “relativo” das filiais e sucursais portuguesas nos respectivos grupos espanhóis é “reduzido”, oscilando entre os 2,1 e os 6,3 por cento do activo total.

A atividade realizada por essas filiais concentra-se maioritariamente (87 por cento) no financiamento de atividades do setor privado residente, financiando-se na sua maioria por depósitos de clientes captados em Portugal.

O relatório refere que potenciais perdas que possa haver nas sucursais e filiais portuguesas “já estão reconhecidas nos balanços”.

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