Agricultores ajudam a decifrar alterações climáticas nos Himalaias

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Os habitantes dos Himalaias dizem que há menos neve nas montanhas Claro Cortes/Reuters (arquivo)

Uma investigação feita por cientistas da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, utilizou o conhecimento dos agricultores dos Himalaias para perceber quais são as mudanças que se estão a sentir naquela região. O trabalho foi publicado na revista Biology Letters.

O estudo envolveu 250 pessoas que vivem em 18 aldeias nas Montanhas de Darjeeling, na província de Bengala Ocidental, na Índia, e no distrito de Ilam, já no Nepal. Os cientistas começaram por questionar se os habitantes notavam mudanças nos seus hábitos e só depois questionaram 18 possíveis indicadores de alterações climáticas. Realizaram ainda discussões noutras dez aldeias para confirmarem os resultados.

“Há um sentimento geral de que o tempo está a tornar-se mais quente, as fontes de água estão a secar e o início do Verão e das monções é mais cedo durante os últimos dez anos”, dizem no resumo do artigo Pashupati Chaudhary e Kamaljit S. Bawa.

No estudo, os cientistas concluíram que três quartos dos entrevistados consideram que o clima aqueceu, enquanto dois terços diziam que as monções e o Verão estavam a aparecer mais cedo.

Por outro lado, 50 por cento dizia que havia menos neve nas montanhas e setenta por cento dizia que havia menos água disponível.

As mulheres revelaram que enquanto antigamente lavavam as vasilhas de comida a cada três ou quatro dias, recentemente passaram a lavá-las a cada dois dias, o que pode estar relacionado com o aumento da temperatura, que acelera a decomposição dos alimentos.

Os aldeões que viviam em aldeias a maiores altitudes descreveram ainda Verões mais quentes do que o normal e diziam que as Primaveras começavam mais cedo, enquanto que as pessoas que viviam em aldeias mais próximas do nível do mar queixaram-se de mosquitos que nunca antes tinham infestado aquelas áreas.

Segundo os modelos, as regiões mais montanhosas e cobertas de neve têm mais probabilidades de sofrerem as alterações climáticas do que as regiões mais baixas. As observações dos cientistas confirmaram isto. Era mais provável que os habitantes das aldeias a maior altitude, entre 2000 e 3000 metros, sentissem mais mudanças, do que os que viviam abaixo dos 2000 metros.

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