S&P coloca rating do Japão sob vigilância negativa

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Governo de Naoto Kan prepara primeira fase de reconstrução Yuriko Nakao/Reuters

A agência de notação financeira norte-americana Standard & Poor's (S&P) colocou a nota de risco da dívida soberana do Japão em perspectiva negativa, temendo que as consequências do terramoto de 11 de Março ponham em causa o cumprimento do défice em 3,7 por cento em 2013.

A S&P mantém o rating japonês em “AA-” (o segundo nível mais elevado entre 12 patamares), mas avisa que poderá baixar a nota do país caso o Governo não tome medidas para garantir a consolidação orçamental, depois de o executivo de Naoto Kan ter anunciado, na semana passada, um Orçamento de emergência para arrancar com a primeira fase de reconstrução das zonas afectadas pelo terramoto e pelo tsunami.

Para a agência de notação financeira, o país vai precisar entre 20 biliões a 50 biliões (milhões de milhões) de ienes – entre cerca de 165.000 e 415.000 milhões de euros –, o que fará aumentar a dívida pública japonesa, que representa já o dobro do Produto Interno Bruto (PIB).

Para compensar o aumento da despesa pública com a reconstrução, diz a S&P, o executivo terá de tomar medidas para controlar as contas públicas, aumentando os impostos. Para este ano, a agência aponta para uma subida do défice em dois por cento e de um por cento no próximo e que, em 2014, ficará acima dos oito por cento do PIB.

Ainda há dias, a agência Moody’s alertava para o problema do endividamento da terceira maior economia global, a par do alerta do FMI, de que a crise nuclear em Fukushima terá um impacto entre três a cinco por cento do PIB. E, para além do problema da dívida, soma-se a tímida estimativa de crescimento da economia, que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) ainda na semana passada reviu em baixa, cortando para 0,8 por cento a perspectiva de crescimento deste ano.

Apesar disso, no que toca ao sector financeiro, a agência ressalva a solidez das instituições no contexto actual, fruto de anos de reestruturação da banca, mas coloca em cima da mesa a hipótese de algumas instituições regionais precisarem de apoio do Estado.

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