Núcleo de estudos da Católica: “Portugal já está em recessão técnica”

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Exportações têm tido um bom comportamento Nuno Ferreira Santos

Entre Janeiro e Março a economia portuguesa terá registado uma quebra de 0,2 por cento face ao trimestre anterior e um crescimento homólogo de 0,1 por cento. Esta é a estimativa do Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Faculdade de Economia da Católica, que sugere assim que “Portugal está já em recessão técnica”, ou seja, com dois trimestres sucessivos de crescimento negativo.

A análise do NECEP sublinha que, apesar do comportamento negativo registado na economia nacional nos três primeiros meses do ano, este período foi “algo melhor do que o esperado (pelo menos até Março), tendo em contas as restrições impostas” pelo Orçamento do Estado para 2011 e o contexto financeiro adverso.

“Este facto é explicável, em larga medida, pelo bom desempenho das exportações. Em todo o caso, o investimento apresentou também sinais (inesperados) de melhoria relativa face à sua dinâmica recente”, lê-se no comunicado do NECEP.

Em Março, no entanto, houve um “agravamento substancial de alguns indicadores”, devido à “deterioração da situação financeira, orçamental e política em Portugal”. Este agravamento, diz o NECEP, “pode não estar suficientemente reflectido nas estimativas do NECEP para o crescimento do PIB no 1º trimestre, devido à pouca disponibilidade de dados quantitativos para o mês de Março. Seja como for, esta situação prenuncia um desempenho económico no resto de 2011 mais gravoso do que neste início do ano”.

As novas estimativas do NECEP prevêem que haja uma contracção do PIB em 1,1 por cento, revendo assim em baixa (- 0,3 pontos percentuais) a última projecção. Isto devido ao “agravamento das condicionantes orçamentais e financeiras”, mas também tendo em conta a “evolução positiva da conjuntura externa”.

Já para 2012 prevê-se “uma nova contracção da economia", com uma variação do PIB de -1 por cento. “Este valor constitui uma forte revisão em baixa (-1,3 pontos percentuais) face à projecção de Janeiro, reflectindo as exigências acrescidas a nível financeiro e orçamental e a predominância de riscos negativos sobre a economia portuguesa”.

A análise assume já a “necessidade de medidas adicionais de redução do défice para 2011 e 2012, bem como um maior rigor na execução das metas orçamentais”. Mas, ressalva o NECEP, “face à insuficiência de elementos concretos, as projecções (…) não incorporam ainda, de forma plena, as consequências do recurso à ajuda financeira externa”.

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