Strauss-Kahn: Líderes mundiais têm de unir-se para gerar emprego

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Strauss-Kahn, responsável do FMI Reuters/Yuri Gripas

O director-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, apelou hoje à união dos líderes mundiais para assegurar uma recuperação que traga emprego, em vésperas de um encontro dos países do G20.

Num discurso em Washington, intitulado A crise do emprego mundial: Sustentar a recuperação através do emprego e de um crescimento igualitário, o líder do Fundo Monetário Internacional (FMI) recordou que, “sob a alçada do G20, as autoridades conseguirão impedir um colapso financeiro e, provavelmente, uma segunda Grande Depressão”.

Neste momento, defende Strauss-Kahn, é preciso “resposta comum forte para assegurar que temos a recuperação económica que necessitamos”, ou seja, uma retoma que crie emprego e igualdade. A afirmação surge em vésperas de uma nova reunião dos ministros das Finanças dos países do G20, que começa amanhã em Washington.

“O desemprego está em níveis recorde. A crise deixou 30 milhões de pessoas desempregadas e cerca de 200 milhões estão à procura de emprego em todo o mundo”, afirmou Strauss-Kahn, salientando que esta crise do emprego está a atingir, sobretudo, os mais jovens. O director do FMI diz mesmo que, aquilo que poderia ser apenas um episódio na história do desemprego, está a tornar-se numa “sentença de morte, provavelmente para toda uma geração perdida”.

Reforma do sector financeiro e do mercado laboral

“Tal como conseguimos controlar a inflação nos anos 80, esta década deve ser a década em que voltamos a levar a sério a questão do emprego”, afirmou Strauss-Kahn. Para isso, o director-geral do FMI defende uma reforma do sector financeiro, que colocaria novamente os bancos ao serviço da economia real, fornecendo crédito às pequenas e médias empresas, “que são os actores-chave ao emprego e, consequentemente, do crescimento”.

Neste contexto, a política monetária deve continuar a dar o seu contributo, visto que o desemprego permanece elevado e que há poucos sinais de pressões inflacionistas de base.

Paralelamente, os países avançados terão de consolidar as finanças públicas, “de modo a pavimentar o caminho para o crescimento futuro e o emprego”. Strauss-Kahn admite, contudo, que o ajustamento orçamental possa ter um impacto no crescimento a curto prazo e aumentar, inclusive, o desemprego de longa duração, transformando-se num problema estrutural. O director do FMI defende, por isso, que “o ajustamento orçamental deve ser feito tendo em atenção o crescimento”.

Além disso, Strauss-Kahn defende que são necessárias políticas directas para o mercado laboral. “Temos de ser pragmáticos e deixar para trás a oposição inútil entre flexibilidade e rigidez dos mercados laborais e perguntar, em contrapartida, se as políticas são efectivas na criação e manutenção dos empregos”.

Logo no início do discurso, o líder do FMI admite que “nem todos irão concordar na totalidade com estas declarações, mas, ao longo dos tempos, aprendemos que o desemprego e a desigualdade podem minar as conquistas da economia de mercado, ao lançar sementes de instabilidade”. Basta olhar para o “perigoso cocktail de desemprego e desigualdade – combinado com tensões políticas – que se verifica no Médio Oriente e no Norte de África”, exemplifica Strauss-Kahn, concluindo que, actualmente, muitos países enfrentam uma crise social tão séria quanto uma crise financeira.

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