É natural que a taxa de juro directora do BCE, que está num mínimo histórico de um por cento há quase dois anos, aumente até 1,75 por cento até final do ano, o que a concretizar-se terá reflexos no aumento das prestações do crédito à habitação, entre outros.

Este cenário foi confirmado hoje pelo presidente demissionário do banco central Alemão, Axel Weber, que nessa qualidade faz parte do conselho de governadores do Banco Central Europeu e representa a quase duplicação dos juros directores em menos de um ano.

Questionado pelos jornalistas sobre se estava confortável com a expectativas que apontam para que a principal taxa directora do BCE suba do seu mínimo de um por cento para 1,75 por cento no fim do ano, Weber respondeu, citado pela agência Bloomberg: “Eu não faria nada para corrigir as expectativas do mercado nesta altura.”

O BCE surpreendeu na semana passada os mercados financeiros, quando o seu presidente, o francês Jean-Claude Triceht, disse que pode o banco pode subir já no próximo mês as suas taxas directores, devido às pressões inflacionistas, que puseram o valor da inflação homóloga na zona euro acima de dois por cento já por três meses consecutivos, havendo a expectativa de que assim continue, sobretudo devido à subida dos preços do petróleo e dos alimentos.

Na altura, Jean-Claude Trichet disse que “é possível” um aumento das taxas de juro na próxima reunião, mas que isso não “é certo”, garantindo que a decisão será tomada pelo conselho de governadores em função de novas informações sobre os aumentos dos preços.

Na sequência deste anúncio, as taxas Euribor, a que está indexado grande parte do crédito à habitação e às empresas em Portugal, iniciaram tiveram na sexta-feira uma subida mais acentuada do que a que têm registado desde que recomeçaram a aumentar, em meados do ano passado.

Hoje voltaram a subir em todos os prazos com a taxa a seis meses, o principal indexante do crédito à habitação no país, a subir 0,006 pontos para 1,493 por cento, segundo o ‘fixing’ diário da Federação Europeia de Bancos.

A taxa 12 meses subiu hoje 0,008 pontos, para 1,946 por cento, o mesmo que a Euribor a três meses, que chegou a 1,180 por cento. Esta última taxa serve sobretudo de referência aos créditos às empresas.