Portugal pode perder acesso aos mercados se cimeiras europeias “decepcionarem”

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Os líderes europeus reúnem em duas cimeiras a 11 e a 24 e 25 de Março Kai Pfaffenbach/Reuters

Caso as as cimeiras dos líderes europeus em Março “decepcionarem” e não mostrarem uma estratégia "clara" para o eurogrupo resolver a crise da dívida soberana, Portugal corre o risco de perder o acesso aos mercados, avisa a agência de notação financeira Fitch.

Num relatório publicado hoje, a agência antecipa que este ano pode ser “o princípio do fim” da crise da dívida soberana nos Dezassete, mas, para isso, a Europa tem de ser capaz de implementar uma “estratégia clara para preservar a estabilidade financeira”.

Na nota sobre Portugal, a Fitch diz que se os líderes europeus da zona euro saírem da cimeira do eurogrupo, a 11 de Março, e do encontro dos Vinte e Sete, a 24 e 25, sem uma “'estratégia alargada’ para responder à crise da dívida soberana na zona euro, há um risco de Portugal poder perder o acesso aos mercados, com implicações adversas para os seus ratings.”

A dívida de Portugal está avaliada por esta agência de notação financeira, desde 23 de Dezembro, com a classificação de “AA-", e sob vigilância negativa.

Na globalidade dos Dezassete países do euro, “se os objectivos políticos necessários e as atenções dos mercados financeiros não se sentirem satisfeitos”, escreve a Fitch, este ano “poderá conduzir a uma acentuação ou a uma intensificação desta crise”. Só com um sinal de clareza a favor da estabilidade financeira a zona euro “sairá mais forte da crise”, reforça.

Caso os responsáveis financeiros e económicos mostrem “incapacidade de realizar a consolidação fiscal prometida”, isso vai “exacerbar as inquietudes sobre a solvência e poderá levar a notações negativas” de determinados países. Uma das preocupações reforçadas em relação a Portugal pela Fitch é a perspectivas de crescimento, olhando para a sua “frágil competitividade”.

Ontem, Kenneth Rogoff, antigo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), alertou para a inevitabilidade de “dois ou três países – Grécia, Espanha e Portugal” – reestruturarem a sua dívida soberana, cita a agência financeira Bloomberg.

Já em Fevereiro, Rogoff tinha assumido que países como Portugal e Espanha deveriam abandonar o euro durante dez a 15 anos até corrigirem as finanças públicas.

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