Telegrama dos EUA acusa Rui Machete de má gestão na FLAD

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Machete refere que não passam de "ataques pessoais" Foto: Enric Vives-Rubio/arquivo

Um telegrama confidencial que a WikiLeaks conseguiu interceptar acusa o ex-presidente da Fundação Luso-Americana (FLAD) de má gestão e de se recusar a prestar contas à Embaixada dos Estados Unidos em Lisboa.

Em Dezembro de 2008, o antigo embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Thomas Stephenson, num telegrama intitulado “Problemas na Fundação Luso-Americana” enviado para Washington, acusa Rui Machete de ter feito um aproveitamento pessoal do cargo que desempenhava na FLAD.

O documento é citado pelo semanário Expresso, que anunciou esta semana que se juntou aos jornais mundiais que divulgam os documentos da WikiLeaks e vai, assim, analisar os 722 telegramas da representação diplomática norte-americana em Portugal que integram o seu espólio.

O diplomata norte-americano, no mesmo telegrama, refere também que Rui Machete tem ligações aos dois maiores partidos portugueses e é suspeito de atribuir bolsas como forma de pagamento de favores políticos. E defende que “chegou a hora de decapitar Machete”, propondo uma campanha para mudar a direcção da FLAD.

“Obteve o cargo como prémio de consolação depois de ter perdido o lugar de ministro numa mudança de Governo e 1985”, concretiza Thomas Stephenson, dizendo que “tem sido há muito tempo um crítico dos EUA, que sempre resistiu à intervenção da embaixada”. Depois, o diplomata critica as elevadas despesas de funcionamento da fundação, descrevendo “gabinetes luxuosos decorados com peças de arte, pessoas supérfluo, uma frota de BMW com motorista e custos e administrativos e de pessoal que incluem por vezes despesas de representação em roupas, empréstimos a baixos juros para os trabalhadores e honorários para o pessoal que participa nos próprios programas da FLAD”.

Mas a questão não é propriamente nova: sucessivos embaixadores norte-americanos em Lisboa teceram comentários semelhantes sobre o desempenho de Rui Machete. Em declarações ao Expresso, o antigo presidente da FLAD defendeu-se dizendo que se tratam de ataques pessoais e de acusações sem fundamento, que derivam de o facto de os Estados Unidos nunca terem percebido que a fundação é uma instituição portuguesa.

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