Estado avança com a venda da Tobis

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A Tobis foi fundada em 1932 Nuno Oliveira (arquivo)

O Estado quer vender a sua actual participação maioritária no capital da Tobis, o estúdio histórico do cinema português, localizado no Lumiar, em Lisboa. A base de licitação para a operação – ao que o PÚBLICO apurou, mas não conseguiu confirmar junto do Instituto de Cinema e Audiovisual (ICA) – aproxima-se dos sete milhões de euros.

O anúncio da venda foi já publicado na imprensa e saiu hoje no Diário da República, com a indicação de que as propostas de aquisição deverão ser entregues junto do ICA até 9 de Março próximo. Nesse mesmo dia, as propostas recebidas serão abertas em sessão pública.

A decisão da venda dos 96,48 por cento do capital que o Estado (representado pelo ICA) detém na empresa de capitais públicos já tinha sido admitida, pela ministra da Cultura, como a saída mais adequada à situação de crise e ao passivo que a Tobis vinha acumulando nos últimos anos.

Tiago Silva, um dos poucos mais de meia centena de trabalhadores que ainda permanecem no estúdio, e seu representante sindical, lamenta que a decisão da venda tenha demorado tanto tempo. “Estivemos um ano em banho-maria, sem qualquer perspectiva de futuro”, diz o sindicalista, que, no entanto, acrescenta que o Estado tem cumprido, até ao presente, com as suas obrigações salariais.

Recorde-se que, no ano passado, os salários foram pagos com atrasos durante sucessivos meses e, à imagem do que já tinha acontecido em 2009, o Estado foi obrigado a realizar um suprimento de cerca de um milhão de euros para enfrentar os custos da empresa.

A Tobis foi fundada em 1932, como Companhia de Filmes Sonoros Tobis Klangfilm, com o projecto de colocar o cinema português a par da indústria do sector na Europa, à época. Nele foi rodado “A Canção de Lisboa” (1933), realizado por Cottinelli Telmo (com Beatriz Costa, Vasco Santana, António Silva e... Manoel de Oliveira), o primeiro de uma série de filmes que fizeram a idade de ouro da comédia portuguesa de costumes. Na década de 1950, a Tobis deixou de ser produtora a passou a ser utilizada apenas como estúdio. Nos últimos anos, não conseguiu resistir e competir com a evolução tecnológica do cinema.

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