Circulação no Metropolitano de Lisboa vai estar condicionada até ao meio-dia

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Trabalhadores contestam cortes salariais impostos pelo Governo Foto: Pedro Cunha

O Metropolitano de Lisboa é a primeira empresa de transportes a entrar em greve esta semana contra as medidas de austeridade. Seguem-se CP, Carris, em Lisboa, e STCP, no Porto, sem que haja transportes alternativos. Crescem as filas nas paragens de Táxi junto de algumas estações de Metro.

Apesar dos avisos ao longo da semana passada, são surpreendidas as pessoas que chegam à estação do Metropolitano da Rotunda do Marquês de Pombal, uma das mais movimentadas na hora de ponta da em Lisboa, ao ritmo da chegada de outros transportes colectivos àquela zona. Descem a escadaria do Metro mas ficam admiradas com portas fechadas e um anúncio afixado: “Por motivo de greve, o Metro está encerrado. Prevê-se a reabertura cerca das 11h30m. Pedimos desculpa pelo incómodo”.

Uns sabiam da greve mas esqueceram-se, outros não sabiam mesmo. Rebeca Cruz, de 14 anos, distraída, ainda antes das 8h00, desce a escadaria em direcção ao Metro que apanha todos os dias para chegar à escola, no Campo Grande. Ao deparar-se com o portão fechado fica estática, a pensar no que pode fazer: “Pensava que estava aberto”. A mesma surpresa mostra outro utilizador, Delvaci de Paula que usa todos os dias o Metro para chegar ao emprego em Odivelas: “É uma surpresa mesmo”.

Domitilia Rocha trabalha na Avenida da Liberdade e costuma usar apenas o túnel do Metro para chegar ao outro lado da Rotunda. “Não sabia nada disto não!”. E não é a única a usar as instalações para fugir às frenéticas passadeiras à superfície e atravessar para a Avenida da Liberdade ou Avenida Duque de Loulé. “Como é que eu passo agora para o outro lado?”, desabafa outra senhora.

Passada a fase de surpresa, procuram-se as alternativas ao Metro: “Menina, sabe onde apanho um autocarro para o Colombo?”, pergunta um homem, “Tenho de chegar às 8h30 ao trabalho e não conheço bem Lisboa”. Na maioria dos casos a hipótese é mesmo o autocarro. Ou a pé. “Táxi não dá. O ordenado ainda não caiu”.

Às 09h30, no Cais do Sodré, última estação da linha de comboio de Cascais e porto de chegada para os barcos da Margem Sul, a entrada para o Metro não estava tão concorrida como habitualmente. Quase todos as pessoas estavam informadas sobre a greve, mas muitas esqueceram-se das notícias repetidas na véspera de que esta segunda-feira o Metro estava parcialmente paralisado, e que teriam que encontrar outra alternativa. Mas hoje não há alternativas. "Não acredito nisto. Olha só para esta fila", desabafa uma mulher ao dirigir-se para uma das paragens de autocarro no Cais do Sodré, onde várias dezenas de pessoas aguardavam por um lugar num dos pesados da Carris. Ao olhar para os táxis, apercebeu-se que também não teria sorte. Tal como esta utente habitual do Metro, muitos outros desistiram e decidiram percorrer a pé o percurso até ao local de trabalho ou apanhar um autocarro, numa paragem já afastada do Cais do Sodré, que desse uma "boleia" até uma zona mais próxima possível do destino.

Algumas paragens de táxi junto a estações de Metro têm longas filas de espera. Segundo a TSF, no Campo Grande e em Sete Rios, muitas pessoas, surpreendidas com o fecho do Metro, procuram chegar ao seu destino através deste meio.

A paralisação agendada pelos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa começou às 06h30 e só vai terminar às 11h30, o que leva a empresa a prever que a circulação só fique normalizada a partir do meio-dia.

Os funcionários estão em greve por causa das medidas de austeridade, nomeadamente os cortes salariais e de custos operacionais aplicados às empresas do Estado, com o objectivo de reduzir o défice. “A revolta dos trabalhadores é tão grande” que a adesão deverá rondar os 90 por cento, disse Diamantino Lopes, da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Transportes (Fectrans), à Lusa.

A empresa, que assumiu que não iria garantir alternativas à supressão da circulação porque “não foi fixada a prestação de serviços mínimos”, deverá fazer novo ponto de situação às 10 horas.

Contactada pelo PÚBLICO, fonte oficial do Metropolitano de Lisboa disse que apenas a essa hora será possível fazer um balanço da greve, nomeadamente em termos de adesão. No entanto, avançou que "o metro está completamente parado e não há circulações".

CP, Refer e Emef paralisam a partir de quinta

Estão agendadas novas paralisações no sector paralisações já para quarta-feira, na Transtejo, Carris e Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP). E, tal como hoje, não haverá serviços mínimos.


Fontes da Carris e dos STCP já disseram à Lusa que também não vão disponibilizar transportes alternativos. No entanto, a Carris assegurou que não prevê “perturbações significativas no seu funcionamento normal”.

Na quinta-feira, é a vez de as empresas do sector ferroviário paralisarem, nomeadamente a CP, a Refer e a Emef. Grupo ao qual se juntam ainda os CTT, de forma parcial e até sexta-feira, perfazendo mais um rol de empresas públicas afectadas pelas medidas de austeridade.

Numa informação publicada na sua página na Internet, a CP diz que, “por motivos de greve, decretada por diversas organizações sindicais, vão ocorrer perturbações na circulação dos comboios”, sem que haja transportes alternativos.

A empresa prevê que na quinta-feira e no dia 16 “a circulação seja fortemente perturbada durante todo o dia, com a supressão da maioria dos comboios”.

No dia 15, “prevê-se que a circulação seja fortemente perturbada, especialmente no período da manhã”, altura em que estarão em greve os trabalhadores de tracção, onde se incluem, entre outros, os maquinistas. Na quarta e na sexta-feira e no dia 17 poderão também ocorrer atrasos e supressões de comboios.

Esta semana termina com greves nas empresas privadas do sector dos transportes, com paralisações na Soflusa (duas horas por turno), na Rodoviária da Beira Litoral e Rodoviária d’Entre Douro e Minho (das 3h00 às 14h00).

Notícia actualizada às 10h41
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