Compras natalícias podem marcar ritmo do consumo privado no próximo ano

As compras de Natal são um indicador precioso para medir o pulsar do consumo em Portugal.

E, nesta altura em que a confiança das famílias diminui e a economia fraqueja, a forma como os portugueses se comportaram na altura de escolher e comprar os presentes pode ser decisiva para definir o ritmo da actividade durante os próximos meses.

As semanas que antecedem o Natal são, de longe, o momento em que o consumo mais acelera durante o ano. Os números das vendas a retalho disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) mostram que Dezembro supera todos os anos, por larga margem, os outros 11 meses (ver gráfico). Em 2009, as vendas de Dezembro foram 37 por cento superiores às da média mensal da totalidade do ano.

Além disso, representam um bom indicador sobre aquilo que acaba por acontecer no ano seguinte em termos de consumo privado. Por exemplo, no Natal de 2008, com a crise financeira internacional a abater-se sobre toda a economia mundial, os portugueses decidiram refrear, de forma muito acentuada, as suas compras. Depois, todo o ano de 2009 acabou por ser de retracção em termos de consumo.

É isso que pode agora vir novamente a acontecer em Portugal. Os dados oficiais das vendas do Natal ainda não estão disponíveis. Mas já há dados muito claros a apontar para uma quebra do ímpeto consumista dos portugueses durante os meses imediatamente anteriores. Em Novembro, o indicador coincidente do consumo privado calculado pelo Banco de Portugal (que usa vários dados parcelares para estimar a evolução do consumo) caiu em Novembro para um valor negativo (variação face ao período homólogo), algo que já não acontecia há dois anos.

O desempenho do consumo privado vai ser decisivo para saber se Portugal consegue ou não escapar a uma recessão em 2011. O Governo, que ainda aposta numa variação positiva do PIB no próximo ano, está a contar com uma quebra moderada do consumo de apenas 0,2 por cento. No entanto, a generalidade das previsões feitas por outras entidades, como o Banco de Portugal, o FMI ou a Comissão Europeia, está à espera que as medidas de austeridade provoquem uma quebra bastante mais acentuada do consumo das famílias, empurrando a economia para a recessão.

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