PSD preocupado com secretismo do negócio Lusa-RTP

O secretismo que envolve o processo de negociação de compra do capital privado da agência noticiosa Lusa pela RTP deixa o PSD com grandes dúvidas sobre a estratégia que lhe está subjacente.

O secretário-geral do PSD, Miguel Relvas, classifica o processo como um “negócio feito à socapa” porque “não há informação, estudos ou planos estratégicos que o justifiquem”. O responsável social-democrata falava no final da reunião que manteve com os representantes dos trabalhadores da Lusa.

Essa informação, porém, poderá chegar em breve: na próxima quinta-feira a Comissão de Ética vai votar um requerimento do Bloco de Esquerda para que o ministro Jorge Lacão vá ao Parlamento explicar as razões do negócio aos deputados. O pedido contará com o apoio do PSD.

“A Lusa tem accionistas privados que detém quase metade da empresa: em nome de que estratégia vamos aceitar este negócio?”, questiona Miguel Relvas.

O responsável realça que a RTP é hoje “uma empresa altamente deficitária, que sai cara aos portugueses”, pelo que a junção a Lusa à empresa “mais não é do que acrescentar um problema ao problema que já existe”. Miguel Relvas diz mesmo que “a fusão da RTP e da RDP mostrou que este não é o caminho”.

A ida do ministro Jorge Lacão ao Parlamento é também considerada essencial pelos órgãos representativos dos trabalhadores – que agregam comissão de trabalhadores, conselho de redacção e delegados sindicais – que ao fim da manhã reuniram com Miguel Relvas.

“Tememos que com esta fusão ou agregação a marca desapareça e que esteja em causa a identidade da agência”, disse a porta-voz Cristina Cardoso, lembrando que a Lusa é “um fornecedor grossista de informação”. Os trabalhadores da Lusa desconhecem os moldes em que o assunto está a ser tratado, querem saber o valor da empresa e receiam os despedimentos.

“Estão em causa 300 pessoas e a marca da Lusa. Temos receio de passar a ser apenas mais um departamento da RTP”, afirmou, acrescentando que o próximo encontro com um partido político acontecerá com o CDS-PP, mas ainda não há data. “Não queremos que este assunto seja esquecido”, rematou Cristina Cardoso.

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