Irlanda já está a negociar a ajuda externa que vai receber da UE e do FMI
A Irlanda está já a negociar a ajuda externa que vai receber do fundo de estabilização do euro, que envolve a Comissão Europeia, o BCE a o FMI nas discussões em curso.
“A Comissão Europeia trabalha em concertação com o BCE, o FMI e, claro está, as autoridades irlandesas, com vista a resolver os graves problemas do sector bancário irlandês”, disse aos jornalistas o comissário dos Assuntos Económicos, citado pela AFP.
“É uma questão de horas, e não de dias, até que a Irlanda active a ajuda”, disse o economista-chefe do Royal Bank of Scotland, citado pela agência Bloomberg.
Olli Rehn manifestou-se preocupado sobre o tom divisionista que tomado pelo debate na zona euro sobre a Irlanda e disse que estão a ser feitos esforços para resolver a situação.
Citado pela Reuters, sublinhou que o problema central da Irlanda era o sector bancário, pois de momento o país não precisa de dinheiro, estando financiado até meados de 2011.
Além disso, Rehn espera que o Eurogrupo, que congrega os ministros das Finanças da zona euro e se reúne hoje à tarde, “apoie este projecto” – sem especificar o seu conteúdo.
Segundo a imprensa irlandesa, o país poderia solicitar ajuda financeira europeia para financiar os seus bancos, cujos activos tóxicos eram de tal ordem que arrasaram as até então saudáveis contas públicas do país – onde se antecipa um défice público de 32 por cento do PIB este ano –, que os financiou com o dinheiro dos contribuintes para evitar uma falência geral do sistema.
Desde finais da semana passada que há declarações e notícias insistentes sobre a iminência de ajuda da Europa e do FMI ao país, cujo Governo começou por negar. No entanto, ontem à noite o primeiro-ministro, Brian Cowen, inflectiu o discurso e admitiu essa possibilidade, o que surgiu como um primeiro passo para a classe dirigente pôr de parte o orgulho e aceitar aquilo que nos últimos dias tem sido dado como iminente e inevitável.
No entanto, a Irlanda pretende aparentemente um regime excepcional de ajuda, diferente do grego e do que se perfilaria para Portugal, com o argumento que o problema de momento é exclusivamente bancário – apesar de também ter havido uma bolha imobiliária. O objectivo seria evitar as fortes medidas de condicionalidade normalmente associadas a estas intervenções, com o argumento de que era a banca que estava em causa.
O Irish Times noticiou entretanto que a Finlândia se opõe às pressões sobre a Irlanda para que aceita ajuda externa, argumentando que a ajuda financeira da EU deve ser de “último recurso” – o que não é ainda a situação da Irlanda, financiada até Junho.
Última actualização às 15h25