Quatro a cinco por cento do consumo nacional de combustíveis já foi para Espanha

A deslocalização do consumo de combustíveis de Portugal para Espanha já representa quatro a cinco por cento do total e assim deve continuar, apesar do aumento do IVA em dois pontos percentuais.

Esta é a posição da BP portuguesa, que não espera uma transferência adicional de consumo para o país vizinho por causa da maior carga fiscal, por considerar que todas as frotas dos grandes distribuidores já se abastecem lá, sendo estes que representam a parcela significativa.Dado o peso que esta transferência de consumo já representa, o novo presidente da subsidiária portuguesa da petrolífera assume que “Espanha é mais um concorrente. Não tem marca, mas chama-se Espanha”, afirmou o novo presidente da BP Portuguesa, Francisco Vieira.
Face a um consumo fronteiriço “hoje incipiente”, a BP afirma que “não tenciona fazer nada” relativamente ao impacto do agravamento fiscal no comércio fronteiriço, embora manifeste a sua preocupação quanto ao efeito sobre os preços.
Na diferença existente entre os preços praticados em Portugal e o resto da Europa, a petrolífera invocou que os sistemas de reporte gerais em prática na Europa não atendem a particularidades de cada mercado. Citou três pontos: a prática permanente de promoções dos postos de venda, que segundo a BP faz com que haja uma diferença entre os preços de referência e os reais de dois a três cêntimos; a incorporação obrigatória de biodiesel, que não se verifica em Espanha, e que agravou o gasóleo em um cêntimo por litro; a utilização do cartão de frota, à qual a BP calcula que esteja associado cerca de 20 por cento do consumo actual em postos de marca.
A admitir que o consumo de combustíveis possa cair dois a três por cento em 2011, o novo gestor garantiu que a marca não está interessada em entrar no segmento “low cost” do retalho, e que todas as marcas têm sido afectadas pela concorrência, sobretudo dos hipermercados, de forma proporcional às suas quotas de mercado. “Não somos nem mais nem menos afectados. Não temos apetite para lançar formatos de baixo custo e competir com os hipermercados”, disse.
Depois de a BP ter aumentado em 10 mil milhões de dólares (para um total de 40 mil milhões de dólares) as provisões para fazer face às consequências da fuga, e derrame de petróleo no Golfo do México, os responsáveis portugueses garantem que a petrolífera mantém o anunciado plano de desinvestimentos na área da produção e exploração. “Portugal não estava na agenda de desinvestimentos, nem antes nem depois do Golfo do México”, afirmou Francisco Vieira, acrescentando que a marca tem para a Península Ibérica a estratégia de um “cluster regional forte”.

Actualizado às 12h00

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