Americano David Vann arrecada Prémio Médicis

Foto
Maylis de Kerangal e David Vann Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

“Sukkwan Island”, o primeiro romance do escritor norte-americano David Vann, de 44 anos, foi hoje distinguido em Paris com o Prémio Médicis para autores estrangeiros. Já o prémio nacional coube a “Naissance d’un Pont”, de Maylis de Kerangal, de 43 anos, romancista já com vários títulos publicados na última década, sempre com a chancela Verticales.

São Francisco é um denominador comum aos vencedores dos principais Medicis deste ano. É a cidade em cuja Universidade é actualmente professor David Vann. Mas é também o sítio da icónica ponte Golden Gate, que é uma espécie de móbil da acção de “Naissance d’un Pont”. O romance de Kerangal, que foi escolhido por unanimidade e à primeira volta, gira em volta da construção de uma ponte do género da de São Francisco, numa cidade imaginária na Califórnia, designada Coca – mas também poderia ser algures no Dubai... É uma história de conflitos e desencontros no seio duma dezena de personagens: os trabalhadores da nova ponte, dos operários aos engenheiros. O “Le Monde” chama-lhe “romance-estaleiro” e diz tratar-se de uma obra marcada por “uma escrita poderosa”; a AFP chama-lhe um “roman-fleuve” “à americana”.

Com os seus livros anteriores, o primeiro dos quais “La Vie Voyageuse”, publicado em 2003, Maylis de Kerangal tem tido presença assídua nas listas de nomeados para diferentes prémios literários no seu país.

Já David Vann conseguiu surpreender os leitores logo ao primeiro livro, que narra a aventura de um pai que decide obrigar o seu filho adolescente de 13 anos a acompanhá-lo numa experiência limite de contacto com a natureza crua e hostil numa ilha do Alasca, à espera de conseguir encontrar o equilíbrio na relação de ambos. As coisas não acontecem como o previsto, e a experiência transforma-se em drama.

O prémio Médicis “é a coisa mais bonita que já me aconteceu até hoje”, disse o escritor americano à AFP. E lembrou ter acabado de o escrever há já 14 anos, mas só ter conseguido editor há dois. “Durante 12 anos, ninguém o quis publicar. Cheguei mesmo a pensar que ele nunca mais sairia”, notou Vann, que acabou por encontrar editor, em 2008, na Imprensa Universitária de Massachusetts.

Mais feliz – para Vann e para o editor – foi a experiência da sua tradução para francês. Olivier Gallmeister, um jovem editor que abriu a sua casa em 2006, leu o livro na versão original e disse ter experimentado um “’coup de foudre’ literário”, disse ao “Le Monde”. Apostou na sua edição em Paris, onde saiu em Janeiro deste ano, e ganhou: desde essa data, já vendeu mais exemplares de “Sukkwan Island” do que do conjunto de títulos que publicou desde o lançamento da editora.

“Sukkwan Island” está em vias de ser traduzido para oito línguas em 45 países, e já se fala também na adaptação ao cinema.

O Prémio Médicis Ensaio foi atribuído a Michel Pastoureau, pelo livro “La Couleur de nos Souvenirs” (edição Seuil).

Nesta que é grande semana dos galardões literários em França, depois do anúncio, ontem, dos Femina (“La Vie Est Brève et le Désir sans Fin”, de Patrick Lapeyre, foi distinguido no sector nacional, e “Purge”, da finlandesa Sofi Oksanen, no de livro estrangeiro), fica agora a faltar o prémio dos prémios – o Goucourt, que será anunciado na próxima segunda-feira.

Sugerir correcção
Comentar