Os 33 homens que esperam pela liberdade

Foto
Reuters

Os 33 mineiros soterrados na mina de San José esperam ansiosamente pelo resgate. Têm famílias que os reclamam. Mulheres, filhos, irmãos, pais... Os meios de comunicação presentes no acampamento foram traçando os perfis individuais de cada um deles. Há histórias de trabalho árduo, de sacrifícios e de dedicação. Espera-se que todos os homens saiam sãos e salvos das entranhas da terra durante as próximas horas.

Luís Urzúa Iribarre (54 anos, dois filhos)

O líder natural do grupo. Assumia as funções de chefe de turno quando se deu o acidente. Foi o primeiro a usar da palavra quando o Presidente chileno falou ao grupo. Foi igualmente ele quem impôs uma dieta de dois pedaços de atum por pessoa a cada 48 horas durante os primeiros 17 dias, indica o “El País”. Pessoas que trabalharam com ele descrevem-nos como cortês. Um cavalheiro. Peritos defendem a necessidade de haver um líder em situações de isolamento prolongado e Iribarre acabou por assumir naturalmente essa tarefa apesar de, pontualmente, alguns trabalhadores terem questionado a sua legitimidade enquanto líder. Iribarre é mineiro há 31 anos mas trabalhava na mina de San José há apenas dois meses quando se deu o acidente. Deverá ser o último a sair, indica o “El Mundo”.


Florencio Ávalos (31 anos, dois filhos)

Exercia as funções de capataz. O segundo na hierarquia da mina a seguir ao chefe de turno. Ávalos e Iribarre são, aliás, bons amigos. Trabalha há três anos na mina e chamou ao trabalho no subsolo o seu irmão Renán e o seu cunhado Osman Araya, que também estão soterrados. A sua mulher, Mónica Araya, de 33 anos, disse aos media que o marido lhe contou, por diversas vezes, que a mina estava em mau estado. O filho de Ávalos, de 16 anos, sublinhou a paixão do pai pelas minas e a sua vontade de entrar para a Universidade. “Não se conformava em fazer sempre o mesmo; aspirava a estudar sobre minas. É muito inteligente; não é normal que com a sua idade já seja capataz”. O filho recorda ainda que o pai fazia questão que estudasse e que viesse a ter estudos superiores. “Não importa a licenciatura que escolham, custe o que custar vou pagar os vossos estudos para que tenham uma boa profissão. Isso é a única coisa que vos posso deixar na vida”.


Renán Ávalos (29 anos)

Irmão de Florencio. Cresceram juntos na localidade de Colliguay, montando os cavalos do pai. Tem uma paixão por estes animais, bem como por futebol.


Samuel Ávalos (43 anos e três filhos)

Apesar de ter três filhos nunca se casou com a sua companheira. Era ela que não queria, mas agora mudou de ideias. Escreveu uma carta ao mineiro em que dizia: “Queres casar-te comigo, sim ou não?”. A resposta de Samuel foi: “Quando sair, logo falamos”. Samuel parece ter um talento nato para o comércio. “É capaz de pintar uma pedra e de a vender”, diz a mulher.


Osman Araya (30 anos)

A sua mulher, Angélica Ancalipe, de 21 anos, disse aos media que Osman - que estava na mina há quatro meses - estava descontente com o trabalho e que não queria arriscar a vida. Uma semana antes do acidente, teve uma discussão com o gerente e disse que se o quisessem despedir que o fizessem, desde que lhe pagassem a indemnização. Isso acabou por não acontecer. Após o acidente descobriu-se que para além da sua mulher oficial, Osman tem ainda vários filhos da sua amante.


Carlos Bugueño (27 anos)

Era segurança mas decidiu experimentar a profissão de mineiro para ganhar mais dinheiro. O seu objectivo era comprar uma casa e um carro. Não tem mulher nem filhos. A sua função na mina era reforçar as paredes dos túneis que se vão perfurando.


Pedro Cortez Contreras (26 anos, uma filha)

Perdeu um dedo há cerca de um ano quando manejava uma máquina. Após este incidente, a empresa acabou por recolocar Cortés aos comandos de um veículo, para que não armasse nenhum escândalo, comentou aos media um amigo deste mineiro. Os seus conhecimentos de electricidade têm sido muito úteis nos arranjos tecnológicos que permitem as comunicações com o exterior. Separou-se há quatro anos da sua mulher e os companheiros descrevem-no como divertido e de temperamento extrovertido.


Carlos Barrios Contreras (47 anos, um filho)

Tem um filho de cinco anos da sua ex-mulher e, ao que parece, outro a caminho. Mas Carlos Barrios não sabe desta gravidez. Os psicólogos pediram que essa notícia não fosse dada ao mineiro. “Não sei como é que a notícia o vai afectar quando sair”, disse a sua namorada de 24 anos. A mãe do trabalhador soterrado alega, porém, que a namorada do seu filho não está grávida dele. Os amigos dizem que tem muito mau feitio e até comentam, rindo-se, que Barrios vai chegar à superfície à conta dos pontapés que for dando às pedras.


Yonny Barrios Rojas (52 anos)

Às vezes é preciso um homem ficar soterrado para que a verdade venha ao de cima. Quando as autoridades começaram a chamar os familiares dos mineiros para que os ajudassem a gerir os dinheiros, depressa se percebeu que Yonny tinha duas mulheres a reclamarem-no como seu. A primeira é a sua mulher de há 28 anos e a outra a sua namorada de há alguns meses com quem o mineiro estava a refazer a vida. As duas estiveram a ponto de se agredirem, mas Yonny deixou claro, através de um depoimento em vídeo, que queria que os assuntos de dinheiro fossem tratados pela namorada. Yonny tem a tarefa de enviar os relatórios médicos de todos os seus companheiros às equipas de resgate. Os outros mineiros tratam-no por “o doutor”. Tem como hobby armar barcos dentro de garrafas.


Victor Segovia Rojas (48 anos, divorciado e pai de cinco filhos)

Fazia trabalhos de perfuração aquando do acidente e alguns amigos recordam que de vez em quando tecia comentários acerca do mau estado em que se encontrava a mina. Escreve todos os dias um diário em que relata tudo o que se está a passar naquela prisão subterrânea. A sua intenção é publicar um livro após a sua saída para o exterior. Para além da escrita, outra das suas paixões é a música. Os seus amigos dizem que toca uma variedade de instrumentos: órgão, guitarra clássica, acústica, acordeão... Abandonou a mulher quando soube que ela estava grávida de outro homem.


Darío Segovia (48 anos, seis filhos)

Trabalhava na mina acidentada há três meses mas começou a trabalhar como mineiro com a impressionante idade de oito anos. Esperava conseguir reunir dinheiro suficiente para montar um negócio de verduras. Antes do acidente costumava dizer à sua namorada: “Esta mina ‘chora’ muito” -, referindo-se aos deslizamentos de terras e pedras. Era mineiro há 40 anos. No dia anterior ao acidente, disse-me que a mina estava a ponto de sofrer uma derrocada e que não gostaria de estar a trabalhar quando isso acontecesse. Mas como precisávamos do dinheiro... E ele tinha acabado o seu turno de sete por sete (uma semana de trabalho em jornadas de 12 horas e outra semana de descanso), mas ofereceram-lhe horas extraordinárias e ninguém as nega, porque pagam a dobrar. Nesse dia ele iria ganhar 90 mil pesos (140 euros). Mas ele queria deixar esse trabalho para comprar um camião e fazer fretes”.


Mario Sepúlveda Espinace (47 anos, casado, dois filhos)

Homem combativo. Sindicalista. Perfil de líder. Foi ele quem fez as vezes de jornalista diante das câmaras na primeira gravação feita na mina. A mulher diz que nunca teve medo de nada nem de ninguém. Sempre disse tudo o que tinha dizer a toda a gente, estivessem acima ou abaixo dele na hierarquia da empresa. A mulher conta ainda que Mario nunca teve confiança na mina e que, por isso mesmo, fizeram um seguro particular. “Costumava dizer-me que se não voltasse, que fosse reclamar todos os nossos direitos”, disse ainda a mulher, que espera que o marido nunca mais volte a trabalhar na mina.


Franklin Lobos Ramírez (58 anos, casado com duas filhas)

Era um futebolista relativamente conhecido no Chile, apesar de boa parte da sua vida desportiva ter decorrido na segunda divisão. De qualquer forma, disputou uma Taça dos Libertadores e chegou a jogar pela selecção chilena durante o apuramento para os Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984), apesar de não ter sido convocado para os disputar. Há cinco anos que trabalhava como condutor de camiões naquelas minas e apenas há quatro estava na de San José. A filha explicou aos media que, apesar do seu passado como futebolista, naquela altura os jogadores não ganhavam tanto como agora e que, de todas as formas, o pai não fez nenhum pé-de-meia. Quando o seu negócio de peças de automóveis foi por água abaixo, acabou por ter que arranjar um emprego. Foi assim que chegou às minas.


Jorge Galleguillos Orellana (56 anos, pai de dois filhos)

Uma das primeiras coisas que pediu foi para que lhe pagassem as dívidas no exterior. Era apaixonado pela sua profissão e coleccionava minerais oriundos de todos os locais por onde já tinha passado ao longo dos seus quase 40 anos de serviço. Sobreviveu a dois acidentes em 2009: no primeiro partiu uma costela e no segundo uma pedra que caiu do tecto da mina levou-lhe um pedaço de pele das costas. Entre os dois acidentes esteve quatro meses de baixa médica.


Victor Zamora (33 anos, a sua mulher está grávida)

Tem por hábito contar piadas e gozar com as situações. Já disse que com os quase oito mil euros de indemnização que a empresa prometeu a cada mineiro soterrado irá finalmente arranjar os dentes. Também já disse à família - jocosamente -, que está contente de lá estar em baixo porque pelo menos assim não tem que tomar banho, relatou a mãe. Há dois meses, porém, ficou em choque depois de um companheiro ter ficado gravemente ferido. Tiveram que lhe amputar uma perna. Victor escapou por pouco. “Isso marcou-o porque era muito amigo dele. Acredito que vai sair de lá mais maduro e que tomará a vida com mais seriedade”, comenta a sua mãe. Se o bebé que espera com a sua namorada for uma menina, chamar-se-á Paz Victoria.


Jimmy Sánchez (19 anos, uma filha)

Apesar de só ter 19 anos - é o mais novo do grupo - tem uma filha de quatro meses. A sua namorada, de 17 anos, diz que Jimmy não é como os outros rapazes da sua idade. “Ele quase que não vai a festas. Disse-me que nos vamos casar quando sair de lá”. Comentava com o seu pai - que também trabalhou na mina, tal como os tios e o avô - que tinha medo de ir trabalhar. “Disse-me que a mina estava muito perigosa, mas queria trabalhar até Setembro e depois procurar trabalho noutro lado e, à noite, completar os estudos secundários”, relatou o pai. Ninguém colocou entraves à sua contratação, apesar de a legislação ser muito clara: os trabalhadores das minas têm que ser maiores de 21 anos.


Omar Reygadas Rojas (56 anos, casado, dois filhos)

Trabalha como mineiro há 30 anos e esta já é a terceira vez que sofre um acidente de trabalho. No primeiro foi salvo por um companheiro, que acabou por morrer. O segundo, há menos de um ano, aconteceu quando o camião em que seguia ficou parcialmente soterrado durante oito horas, não tendo desta vez sofrido qualquer ferimento. O filho diz que sempre foi muito forte, mesmo depois de perder a mulher, há pouco tempo, e um filho, que morreu de cancro em 1991. “Insistia que lutássemos sempre pelos nossos direitos”, indicou o filho à imprensa.


Ariel Ticona (29 anos, com companheira e três filhos)

Não quis aparecer no primeiro vídeo e não quis falar com a família. “Ele é assim mesmo: arisco”, comentou o seu pai, Héctor, um mineiro de 59 anos. É fã do clube de futebol da Universidade do Chile e às vezes chegava mesmo a faltar ao trabalho para poder ver os jogos. Pedia depois aos patrões que o deixassem recuperar as horas em falta. A sua mulher, Elisabeth Segovia, deu à luz no dia 14 de Setembro, na Clínica Copiapó, provavelmente o mesmo hospital que irá acolher os mineiros depois de estes serem resgatados. O bebé iria chamar-se Carolina Elisabeth, mas Ariel teimou em que fosse baptizada com o nome de Esperanza, o mesmo que foi dado ao acampamento de familiares instalado ao pé da mina.



Claudio Yáñez Lagos (34 anos, solteiro)

A mãe diz que tinha planeado retirar-se das minas em breve, depois de pagar as suas dívidas, mas o facto de o trabalho ser seguro e relativamente bem pago obrigava-o sempre a voltar. Estava há quase um ano naquela mina. Anteriormente trabalhava como pedreiro. Tem duas filhas e já disse à companheira que se quer casar quando estiver finalmente cá fora. Um conhecido apresentador de televisão já disse que lhes irá oferecer o bolo dos noivos e a noite de núpcias, indica o “El Mundo”.


Pablo Amadeo Rojas Villacorta (45 anos, casado e com dois filhos)

A mulher recorda-o o homem tímido e calado com quem se casou há 21 anos. O orgulho do mineiro - que fazia serviço de perfuração - é o filho de ambos, Mitchel, que estuda no segundo ano de Medicina. O sonho de Pablo é ter um carro para viajar pelo deserto de Atacama.


Juan Carlos Aguilar (49 anos, com companheira e dois filhos)

Trabalha há 19 anos como mineiro e durante todo esse tempo já teve que resgatar muitos companheiros que tinham ficado soterrados. Exercias as funções de supervisor na altura do acidente. Tem duas crianças, uma das quais da sua actual namorada, Cristy Coronado Velásquez, com quem gostaria ainda de ter um filho varão. “Eu dizia-lhe que enquanto trabalhasse na mina, as possibilidades eram zero”. Já disse que pretende casar-se com a sua companheira quando sair da mina.


Juan Illanes (52 anos, casado e com um filho)

Este ex-militar é descrito como um homem de carácter forte, que sabe como lidar com situações difíceis sem nunca mostrar medo. Acabou por recusar uma carreira no Exército porque percebeu que podia ganhar mais dinheiro lá fora. Tem um filho que estuda engenharia informática na Universidade. Antes do incidente pretendia comprar um carro, para se tornar independente e voltar à aldeia da família, que está a 12 horas de distância das minas.


Richard Villarroel Godoy (26 anos)

Saiu de casa da mãe há dois anos. Partiu em busca de aventura e de um trabalho. Só agora, depois do acidente, a sua progenitora soube que trabalhava numa mina. Não costumava estar dentro da mina. Só descia quando para reparações pontuais. Em Novembro será pai de um bebé que se chamará Richard Junior. A mãe conta que o filho lhe pediu para não sair do acampamento, para não o deixar sozinho, embora viva a oito horas de autocarro, na povoação de Coyhaique.


Raúl Bustos Ibáñez (40 anos, casado e com filhos)

Raúl acabou soterrado na mina depois de ter escapado com vida ao terramoto que arrasou a cidade de Talcahuano, em Fevereiro. Conta o “El País” que é mecânico, especialista em manutenção hidroeléctrica. Costumava trabalhar em barcos na sua cidade costeira mas depois de ter ficado desempregado acabou por viajar cerca de mil quilómetros até às minas, onde estava há dois meses. “Naquele dia 5 de Agosto já tinha cumprido o seu turno e devia ter-se ido embora mas houve uma avaria e chamaram-no”, recorda a sua mãe, Rosa Ibáñez, de 59 anos.


José Manuel Henríquez (56 anos, duas filhas e uma neta)

É reservado e espiritual. Incentiva nos companheiros o sentimento de amor pelas próprias famílias, escreve o “El País”. A mulher e as filhas gémeas vivem em Talca, a 17 horas de distância. As filhas dizem que o pai tinha a intenção de deixar aquela mina porque estava em más condições. Entrou lá em Janeiro e pouco depois houve uma fuga de gás. Tirou de lá de dentro dois companheiros e ao tentar ir buscar o terceiro acabou por desmaiar, embora tenha sobrevivido ao acidente.


Alex Vega (31 anos e dois filhos)

A esposa de Alex, Jessica, diz que o marido, mecânico, estava sempre a repetir que a mina gotejava e que a família lhe pedia que saísse, mas que ele se recusava porque está a construir uma casa.


Daniel Herrera (27 anos, sem filhos)

Era condutor e estava a trabalhar na mina há sete meses. Antes disso tinha trabalhado como taxista. A mãe recorda que durante o último Mundial da África do Sul lhe comprou um plasma e lhe pagou a conta da televisão por cabo.


Mario Gómez Heredia (63 anos, casado, quatro filhas)

É mineiro desde os 12 anos. Ficou sem três dedos da mão esquerda num acidente ocorrido há sete anos. Uma das filhas - tem quatro - diz que o pai já se podia ter reformado (por causa da profissão lhe provocar problemas de saúde), apesar de ainda lhe faltarem dois anos para se retirar. “Dizia-nos sempre que esta mina estava a cair aos pedaços, que não havia um dia que não lhe caíssem algumas pedras em cima”, indicou a filha. Por seu lado, a mulher, Lilliam, disse - citada pelo “El País” - que um mês antes do acidente o marido tinha chegado a desenhar um via de escape em caso de derrocada e que a entregou ao chefe mas que nada foi feito.


Carlos Mamani (24 anos, casado, uma filha)

Carlos é o único imigrante do grupo. É boliviano. É também dos poucos que tem estudos secundários completos. Se tivesse dinheiro suficiente poderia ter seguido para a Universidade. Antes de ir para a mina apanhava uvas no vale do Copiapó. A esposa, Verónica Quispe, de 20 anos, queixou-se publicamente da atitude do governo boliviano após o acidente, tendo lamentado que o cônsul do país só se tenha deslocado ao acampamento 18 dias depois do acidente, um depois de se saber que os homens estavam vivos. Poucas semanas depois, o Presidente da Bolívia, Evo Morales, recebeu a mulher a filha de Carlos em La Paz e prometeu ajudar a família.


José Ojeda Vidal (45 anos, solteiro)

É condutor de maquinaria pesada. É mineiro há 27 anos. Foi pelo seu punho que o mundo ficou a saber que os trabalhadores estavam vivos. “Estamos bem em refúgio os 33” é a frase escrita num papel que já se transformou numa peça de museu. José escreveu a nota, enfiou-a num saco de plástico e atou-a à ponta da broca da sonda exploratória que deu com os mineiros encurralados, relata o “El Mundo”.


Esteban Rojas (44 anos, três filhos)

Era quem carregava os explosivos na mina. Devia estar de folga na altura do acidente mas o facto de ter pedido dois dias para poder ir ao funeral do tio fez com que voltasse à mina para recuperar o tempo que esteve fora. Manifestou a vontade de procurar trabalho noutro sítio - disse que trabalharia apenas até dia 18 de Setembro - e tinha o desejo de comprar um carro para poder visitar a família que vive longe.


Claudio Acuña (35 anos, dois filhos)

Estava entusiasmado porque iria aprender a guiar maquinaria pesada, recorda a sua namorada, Fabiola, de 28 anos. O seu desejo era progredir e depois ir viver para Serena, uma cidade com praia. Há seis anos que Claudio e Fabiola vivem juntos e pretendiam casar-se em Fevereiro de 2011. A data deverá agora ser antecipada para quando Claudio seja resgatado.


Edison Fernando Peña (34 anos)

Foi a namorada que lhe arranjou trabalho na mina. É um dos trabalhadores que mostra mais desespero. Quer sair a todo o custo. Durante os dias que permaneceram sem comunicação com o exterior era o responsável por verificar que as baterias das lanternas dos capacetes não se esgotavam. O pai diz que nunca o viu tão deprimido. “Ele trabalha com electrónica e só estava cá há cinco meses. Nós somos de Santiago. Dizia-me que a mina tinha muita água e que isso é muito perigoso quando se trabalha com electromecânica. É um desportista, pratica triatlo. Gosta de cantar as canções do Elvis Presley, sabe-as de cor e consegue dançar ao ritmo delas”. Num das cartas à sua companheira escreve: “Só estaremos tranquilos e respiraremos aliviados quando nos tirarem daqui. Antes, não. Tudo pode acontecer”. A única coisa que Edison pediu ao exterior foram umas sapatilhas de desporto, para poder continuar a simular lá em baixo aquilo que gosta de fazer cá em cima: correr.


Perfis escritos com base em textos publicados em elmundo.es e elpais.es
Sugerir correcção
Comentar