Câmara de Faro anuncia extinção da empresa municipal que gere o Estádio Algarve

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Extinção da AmbiFaro não põe em causa o recinto, garante Macário Foto: Melanie Map's

A AmbiFaro, usada para a compra de acções do Farense, foi salva da falência pela transferência de dois lotes de terreno da autarquia no valor de 600 mil euros.

A Câmara de Faro vai cortar quase um 1,5 milhões de euros no orçamento do Parque das Cidades (Estádio Algarve) e anuncia mais medidas radicais. "Vamos extinguir a empresa Parque das Cidades nas próximas semanas, mantendo a Associação de Municípios [Loulé-Faro]", diz Macário Correia, líder daquela autarquia.

A redução de verbas, justifica, "tem a ver com obras que estavam previstas para este ano e que foram adiadas para o próximo". O autarca não coloca em causa a continuação da infra-estrutura desportiva, gerida em parceria com a Câmara de Loulé.

Anteontem, o executivo autárquico aprovou a 17.ª alteração ao orçamento para 2010, destacando-se o reforço de 3,3 milhões de euros para a empresa que gere o mercado municipal e o corte em áreas que vão das juntas de freguesia às associações desportivas. O Parque das Cidades, em cujos terrenos está prevista a construção do novo hospital central, fica com menos um milhão e 450 mil euros.

A situação mais periclitante, em termos financeiros, diz respeito à empresa AmbiFaro (detida em mais de 60 por cento do capital pela autarquia), utilizada no passado para a compra de acções da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Farense. Agora, para salvá-la da falência, a câmara transferiu dois lotes de terreno urbanizáveis, avaliados em 674 mil euros. O terreno tinha sido oferecido ao Futebol Clube de São Luís há mais de duas décadas para a construção de uma sede, mas a escritura nunca chegou a realizar-se. A empresa deve à banca 1,2 milhões de euros e a câmara aprovou a sua fusão com mais duas empresas municipais, uma que gere o mercado e a outra responsável pelo Teatro das Figuras. "Não vai resolver o buraco financeiro", observa o deputado municipal da CDU, Botelho Agulhas, sublinhando que na base desta operação estão "os problemas que se arrastaram com o futebol".

A AmbiFaro foi a plataforma que a câmara encontrou para injectar dinheiro público na compra de acções da SAD do Farense, quando directamente já não podia transferir mais subsídios para o clube. Com a entrada da empresa espanhola Halcon na SAD criou-se a expectativa de que outros investidores seriam atraídos. Não foi isso que aconteceu. Pelo contrário, o clube desceu aos campeonatos distritais e o ex-presidente da câmara, Luís Coelho (PS), actual presidente da assembleia municipal, foi condenado a um ano e seis meses de prisão com pena suspensa, por ter sido o protagonista dessa operação. "Sabia que a autarquia não podia aumentar a sua participação no capital e utilizou a AmbiFaro", considerou, há cerca de seis meses, o tribunal.

Sobre quem vai construir nos dois lotes de terreno (situados perto do hospital) que passaram para a AmbiFaro através do aumento de capital em espécie, Macário Correia diz desconhecer: "A seu tempo a administração [da AmbiFaro] decidirá." Quando a proposta foi votada em assembleia municipal, o PS absteve-se. Na reunião de câmara, os vereadores socialistas acabaram por votar contra: "Não nos sentíamos confortáveis, tínhamos dúvidas sobre o negócio da transferência dos terrenos", justificou o vereador João Marques, líder do PS-Faro.

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