Ulrich garante que BPI passou teste de resistência europeu

O CEO disse que o banco, que registou lucros semestrais de 99,5 milhões de euros, vai reforçar a aposta nas PME e nos particulares.

O presidente do Banco BPI, Fernando Ulrich, revelou ontem que o banco passou nos testes de resistência ao sistema financeiro europeu, cujos resultados serão hoje anunciados a meio da tarde pelo Banco Central Europeu (BCE). Ulrich reafirmou a aposta do banco no apoio aos particulares e às pequenas e médias empresas (PME).

"Só conheço os resultados [do teste de resistência] do BPI e esses são bons", garantiu Ulrich, para logo de seguida adiantar que acreditava que os dos outros três bancos portugueses [CGD, BES e BCP] sujeitos à avaliação do BCE "também são bons".

Ainda assim, e apesar de garantir que os testes são credíveis, o CEO considera que "não acrescentam nada de novo face às avaliações das agências de rating, dos analistas e dos auditores". "Foram feitos porque houve quem entendesse que esta metodologia era importante para reconquistar a confiança dos mercados", o que, em seu entender, "só acontecerá com a passagem do tempo".

O CEO salientou que as instituições a operar em Portugal já levantaram fundos no BCE no valor de 40 mil milhões de euros, tendo o BPI ido buscar apenas dois mil milhões de euros. Ulrich incluiu, neste grupo, o Santander Totta que ficou de fora do lote de 91 bancos europeus submetidos aos testes do BCE. Observou, a este propósito, que o BPI é credor líquido do mercado, dando crédito a bancos nacionais e estrangeiros. "Se não tivéssemos confiança nos nossos concorrentes, não os financiaríamos, e colocávamos o dinheiro no BCE [como fazem outros grupos]."

Críticas ao Santander

Ulrich aproveitou ainda para comentar em termos muito duros a campanha publicitária do Santander Totta, em que este se considera o banco mais sólido de Portugal. "Um banco estrangeiro andar a fazer uma campanha televisiva contra os concorrentes que é de uma infelicidade total." "Toda a gente sabe que é um banco bom. Mas é extraordinariamente incorrecto para os bancos portugueses", notou, alegando que "estas campanhas são de um mau gosto inacreditável". "Esperaria que as autoridades portuguesas estivessem mais atentas. Não sei se há golden share para estes casos, mas, se há, devia ser usada, tal como na venda da Vivo à Telefonica", acrescentou. "No BPI, quem diz mal da concorrência leva processo disciplinar."

O CEO observou que as campanhas do tipo das levadas a cabo pelo Santander geram ambientes propícios a que se "desenvolvam" rumores como o que se disseminou à volta do BCP, que classificou de "uma estupidez monumental", para além de "criminosos". "Não estou a dizer que foi a concorrência [que espalhou os boatos, porque] não sei quem foi." "O que é certo é que as pessoas não ligaram, o que prova que os portugueses têm bom senso."

Sobre a estratégia de crescimento do seu banco disse que o BPI irá "controlar o crescimento do crédito e até reduzir a carteira de crédito", fazendo-o à custa das grandes empresas, que têm rating, das entidades ligadas ao Estado e dos grandes projectos que se podem ir financiar no exterior". A aposta será nas PME e particulares. "A nossa motivação é egoísta, pois o negócio do risco das PME é muito interessante para os bancos, pelos spreads que se cobram e pelo cross-selling com outros produtos financeiros."

O presidente do BPI falava aos jornalistas na apresentação das contas semestrais, em que registou um lucro de 99,5 milhões de euros, mais 11,8 por cento face do que no mesmo período do ano anterior.

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