As marmotas do Colorado estão mais gordas e a culpa é das alterações climáticas

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As mudanças climáticas podem a longo prazo ter implicações negativas para a marmota DR

Lembram-se do “Feitiço do Tempo”? O filme onde Bill Murray acorda vezes sem conta na Pensilvânia no dia de Fevereiro em que a marmota da localidade de Punxsutawney sai da toca para prever se o Inverno vai continuar nas próximas seis semanas. Um estudo publicado na Nature parece avisar que o clima faz com que os Invernos sejam mais curtos mais curtos, o que obriga o roedor a abandonar a toca mais cedo.

O trabalho durou décadas e analisou a Marmota flaviventis que vive nas Montanhas Rochosas do Colorado. Segundo o artigo, a população está a engordar e tem uma taxa de sobrevivência anual maior porque os indivíduos saem mais cedo da hibernação. O trabalho foi feito por uma equipa de investigadores norte-americanos e ingleses.

“Iniciámos esta investigação em 1962. Todos os Verões monitorizávamos os dados demográficos básicos, como a idade dos animais, o género, a massa corporal, quem sobreviveu e quem se reproduziu”, disse em comunicado Kenneth Armitage, professor da Universidade do Kansas. “Quando começámos, não tínhamos ideia nenhuma que as alterações climáticas iriam ser um problema”, acrescentou.

Entre 1976 e 2008, os Verões cada vez longos fizeram com que o tamanho médio da população aumentasse. O peso dos animais passou de 3,1 para 3,4 quilos. Além disso, a taxa de sobrevivência subiu de 0,56 marmotas por ano, entre 1976 e 2001, para 14,2 marmotas de 2001 para 2008.

“O aquecimento resultou num degelo das neves cada vez mais cedo, o que significa que as plantas aparecem mais cedo e as marmotas saem mais rapidamente da hibernação”, disse Armitage. “Elas têm mais gordura excedente, o que lhes dá mais energia para ir à procura de alimento”, explicou o cientista. Isto permite que comecem a reproduzir-se logo e as crias têm mais tempo para se alimentar e sobreviver ao Inverno seguinte. Mais importante é que as fêmeas que estão em idade reprodutiva sobrevivem melhor. “Ao poderem desmamar as crias mais cedo, têm uma temporada mais longa. A sobrevivência das fêmeas adultas tem aumentado nos últimos anos.”

Apesar de o número de roedores crescer, Armitage teme que este fenómeno seja sol de pouca dura. “O benefício [das alterações climáticas] vai durar pouco”, disse. “O padrão das neves beneficia e faz mal às marmotas. A neve prolongada durante a Primavera aumenta a mortalidade e reduz a reprodução. Mas se há menos neve a derreter que sacie as plantas que são o alimento das marmotas no Verão, isso vai afectá-las severamente. Durante as secas, tivemos uma mortalidade muito alta.”

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