Moratinos em Havana para impulsionar a libertação de presos políticos

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Moratinos foi recebido no aeroporto pelo homólogo Bruno Rodriguez Alejandro Ernesto/Reuters

O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol Miguel Ángel Moratinos está em Havana e deverá procurar impulsionar a libertação de prisioneiros políticos cubanos, uma reivindicação do dissidente Guillermo Fariñas que se encontra em greve de fome há mais de quatro meses e cujo estado de saúde é muito grave.

Moratinos foi recebido no aeroporto de Havana pelo homólogo Bruno Rodriguez. Durante a visita de apenas um dia irá encontrar-se com o chefe da Igreja Católica cubana, o cardeal Jaime Ortega, que tem vindo a pressionar o Governo de Raúl Castro para que liberte os prisioneiros políticos cubanos - 167 segundo a Comissão Cubana dos Direitos Humanos e Reconciliação Internacional -, sobretudo os 26 que se encontram gravemente doentes. É também para pedir a libertação desses detidos que Fariñas está em greve de fome desde Fevereiro, internado no hospital de Santa Clara.

A poucos dias de Espanha terminar a sua presidência da União Europeia, Moratinos procurará reforçar o diálogo entre o Governo de Raúl Castro e os líderes católicos que já levou à libertação de um prisioneiro, Ariel Sigler, condenado a 20 anos de prisão em 2003.

Na véspera da chegada de Moratinos a Comissão Cubana dos Direitos Humanos e Reconciliação Internacional publicou um relatório em que refere a existência de 167 prisioneiros políticos, menos dos que os 201 que a organização reportara há seis meses e o número mais baixo desde a revolução de 1959, adiantou a AFP. No entanto, adianta o relatório, isso não significa que tenha havido uma melhoria da situação relativa aos direitos humanos. “Houve um aumento das detenções arbitrárias de curtas duração, de algumas horas ou alguns dias”, salientou Elizardo Sánchez, responsável da comissão.

Sánchez considera que deverá haver mais libertações “para aliviar a tensão”, numa altura em que Fariñas, que começou a greve de fome após a morte do dissidente Orlando Zapata depois de mais de 80 dias sem comer, está em risco de vida.

O que acontecer nos próximos dias poderá ter também repercussões na relação entre a União Europeia e Cuba. As autoridades de Havana têm apelado a que a posição comum da UE, que limita as relações com Cuba às questões do progresso em matéria de direitos humanos, seja alterada de forma a permitir acordos bilaterais com os vários países. Alguns Estados-membros defendem essa alteração se houver melhorias quanto ao respeito pelos direitos humanos pelas autoridades cubanas. A França já disse que está a “acompanhar com grande interesse a situação em Cuba”, enquanto a Itália apelou a “gestos concretos”.

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