Clima: sequestro e armazenamento de CO2 é demasiado arriscado para ser a solução

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Os países desenvolvidos estão cada vez mais interessados na técnica de sequestro e armazenamento de CO2 Peter Andrews/Reuters

Manter a dependência da actividade económica dos combustíveis fósseis e lutar contra as alterações climáticas ao mesmo tempo parece cada vez menos possível. Um novo estudo denuncia que o sequestro e armazenamento de dióxido de carbono (CO2) têm demasiados riscos.

“Os perigos do armazenamento de carbono são reais e o desenvolvimento do sequestro e armazenado de carbono (CSC) não deverá ser utilizado para justificar, em paralelo, continuarmos a emitir gases libertados pelos combustíveis fósseis”, escreve Gary Shaffer, do Centro dinamarquês para a Ciência da Terra, em Humlebaek, autor do estudo publicado ontem pela “Nature Geoscience”.

A investigação baseia-se num cenário de sequestro de CO2, emitido nomeadamente pelas centrais eléctricas, suficiente para limitar em dois por cento o aumento da temperatura média do planeta. Este objectivo está previsto no acordo que saiu da cimeira climática de Copenhaga, em Dezembro de 2009.

Armazenado no fundo do mar, o CO2 vai contribuir para a acidificação das águas e arrisca-se a criar “graves problemas” para a vida marinha, incluindo a cadeia alimentar, adverte Gary Shaffer. Mas o risco ainda é maior se o gás for rejeitado para a atmosfera devido às correntes oceânicas e tempestades.

Já o armazenamento debaixo da terra é uma opção melhor, defende o estudo. Mas unicamente se a cavidade na qual o gás for encerrado não permitir fugas significativas, ou seja, mais de um por cento do CO2 captado num período de mil anos. Neste ponto de vista, os sismos são um perigo. Em caso de fugas, será sempre possível recorrer ao “re-sequestro”, para compensar, “mas será difícil medir a quantidade de gás que se escapou”, alerta o investigador.

Assim, “deveríamos limitar as emissões de CO2 desde já para reduzir as necessidades de sequestro e armazenamento de carbono”, conclui Gary Shaffer.

Os países desenvolvidos estão cada vez mais interessados na técnica de sequestro e armazenamento do dióxido de carbono. Até 2020 deverão ser lançados entre 19 e 43 projectos experimentais a larga escala.

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