Steve Jobs fala do sucesso da Apple sem esquecer os problemas

Foto
Quando questionado acerca da possibilidade de a Apple poder apresentar uma nova versão da Apple TV, Jobs deitou água na fervura, indicando que o negócio da televisão digital está pejado de problemas Lou Dematteis/Reuters

Pouco mais de uma década após os gurus da tecnologia terem predito a falência da Apple, a empresa está hoje à frente da Microsoft como a mais valiosa firma de tecnologia do mundo. A este propósito, o CEO da Apple, Steve Jobs, apareceu diante dos conferencistas do encontro anual D8 e teceu loas à sua empresa.

“Para todos aqueles que estão nesta indústria há muito tempo, isto é surreal”, indicou Jobs, respondendo à pergunta “Como é estar na crista da onda tecnológica?”, feita pelos apresentadores da conferência: Walt Mossberg e Kara Swisher. “Mas isso não tem muita importância. Não é por isso que os clientes compram os nossos produtos. Penso que é bom que mantenhamos isso em mente. Mas é um pouco surreal”.

Durante a entrevista, Jobs não antecipou o lançamento de nenhum novo produto, mas atacou todas as mais recentes polémicas em que a Apple se viu envolvida: o protótipo do iPhone 4.0 que foi roubado e apresentado no blogue de tecnologia Gizmodo, a “guerra” com a Adobe por causa do Flash, os suicídios na fábrica chinesa Foxconn que produz aparelhos da Apple, os problemas de rede da AT&T (a única operadora que tem contrato com o iPhone nos EUA) e a rivalidade com a Google. Neste último capítulo, Jobs fez saber que os iPhones e os iPads continuarão a ter mapas e pesquisa Google, porque apesar de as duas empresas competirem entre si, isso não significa que as pessoas “tenham que ser desagradáveis”.

O presidente executivo da Apple considerou "preocupante" a série de mortes ocorridas na Foxconn, o fabricante que monta os iPhones da empersa, mas recusa a ideia que aquela unidade seja uma fábrica que explora os seus trabalhadores.

Quando questionado acerca da possibilidade de a Apple poder apresentar uma nova versão da Apple TV, Jobs deitou água na fervura, indicando que o negócio da televisão digital está pejado de problemas, incluindo desafios à distribuição de novos produtos. “É por isso que quando dissemos que a Apple TV é um hobby, queríamos mesmo usar essa frase”.

Em relação à guerra com a Adobe por causa do Flash – que não corre em dispositivos como o iPhone, o iPod Touch e o iPad – Jobs avaliou que os consumidores estão a passar bem sem este produto e, na sua opinião, está a caminho de ficar obsoleto, podendo ser rapidamente destronado pela tecnologia HTML5. “Não quisemos começar uma guerra. Apenas decidimos não usar os seus produtos na nossa plataforma”.

Acerca da nova coqueluche da Apple, o iPad, Jobs indicou que as pessoas parecem estar a gostar do produto: “Vendemos um a cada três segundos”.

Jobs previu ainda que a transição dos utilizadores dos PC’s para dispositivos móveis vai continuar. O CEO da Apple não acredita, porém, que os personal computers venham a desaparecer, até porque estas novas tecnologias, com ecrãs tácteis, podem fazer com que algumas pessoas se sintam pouco à-vontade. Acredita, sim, que eles se venham a tornar um mercado de nicho.

Jobs considerou que o iPad poderá oferecer novas oportunidades para os criadores de conteúdos e, especialmente, para as empresas de notícias de entretenimento, que poderão cobrar pelos conteúdos. O seu conselho acerca deste negócio? Manter os preços baixos, tal como a Apple fez com as músicas do iTunes. “Acredito que as pessoas estão dispostas a pagarem por conteúdos. Acredito que isso se passa na música e nos conteúdos noticiosos”.

Durante a entrevista não foi feita nenhuma pergunta acerca do estado de saúde de Jobs que, nos últimos seis anos, sobreviveu a um cancro no pâncreas e a um transplante de fígado. Porém, a determinada altura da entrevista, Jobs indicou: “Os últimos anos lembraram-me que a vida humana é frágil”.

Sugerir correcção
Comentar