No Irão, realizador Jafar Panahi agradece movimento pela sua libertação

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O cineasta iraniano Jafar Panahi foi preso quando rodava a primeira cena do seu sexto filme Reuters

Nas primeiras declarações desde que saiu da prisão há uma semana, o realizador iraniano Jafar Panahi agradeceu a todos os que lutaram pela sua libertação e congratulou-se por esse envolvimento ter criado “um movimento, independente de causas políticas, e até uma união” em “defesa de uma arte, o cinema”.

Jafar Panahi foi preso quando rodava a primeira cena do seu próximo filme, esteve 86 dias na prisão no Irão e perdeu 17 quilos. Saiu depois de um apelo especial lançado no Festival de Cinema de Cannes para a sua libertação que culminou com uma intervenção emocionada da actriz francesa Juliette Binoche no momento de receber o Prémio de Melhor Actriz no filme “Copie Conforme” do iraniano Abbas Kiarostami, no domingo (23 de Maio) à noite. Terça-feira seguinte, Janahi era libertado sob caução.

Numa entrevista informal num contacto telefónico de amigos e jornalistas a partir de Paris, por iniciativa do seu amigo Abbas Bakhtiari, director do Centro Cultural Pouya, e publicada no jornal francês "Le Monde", Panahi conta como chegaram a revistar-lhe a cela por pensarem que estava a fazer um filme e que, lá dentro, não tinha quaisquer notícias do exterior. “Só agora me apercebo da dimensão do envolvimento das pessoas”, revela.

Apesar de os apelos para a libertação não terem sido mostrados na televisão iraniana, as pessoas no Irão viram e as imagens tiveram impacto: tanto as lágrimas de Binoche empunhando um pequeno cartaz com o nome do realizador como o facto de nomes de grandes realizadores e o do presidente do Festival de Cannes, Gilles Jacob, estarem associados ao movimento, conta Panahi.

E lembra: “Há cinco anos que as autoridades iranianas não me deixam realizar filmes. E para mim é impossível não realizar filmes. Não posso viver sem filmar. Decidi então começar um e foi quando rodava a primeira cena que me prenderam.” O cineasta, que já realizou cinco filmes, deixa a garantia: “Sou antes de mais um realizador, continuarei o meu caminho e novos filmes verão o dia.”

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